Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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É elevado o risco de entrada de tropas venezuelanas no território brasileiro. Isto porque, se o presidente Nicolás Maduro levar a frente a intenção de anexar dois terços do território da Guiana à Venezuela, é pelo Brasil a melhor rota para que o exército venezuelano chegue ao local.

Por terra o melhor caminho seria a terra indígena Raposa Serra do Sol ou passando por Pacaraima, ambas em Roraima, território brasileiro. Ele tem a alternativa de ir pelo território venezuelano mas seria pelo Monte Roraima, na tríplice fronteira, o que é muito difícil do ponto de vista logístico já que a altitude chega a 2.810 metros pelo lado da Venezuela.

Os outros caminhos por terra são de área densamente florestada ou altas. Não se sabe se Maduro vai fazer essa insensatez de invadir o território da Guiana. A diplomacia já deu seu recado, disse que não aceitará tropas no território brasileiro, mais que isso que não aceitará tropas estrangeiras na América do Sul. O Brasil já deixou claro que não querer um conflito armado nessa região.

Então porque que a diplomacia brasileira não se manifesta de forma pública mais fortemente? O que me disseram é que o governo quer manter alguma capacidade de diálogo com a Venezuela, já que uma das poucas pessoas que o presidente Maduro ouve, ainda que parcialmente, dizem, é o presidente Lula.

A escalada que está acontecendo é muito perigosa e o Brasil está muito preocupado tanto na área militar quanto na diplomática. Maduro introduziu um ingrediente que torna a evolução desse evento imprevisível que é a mobilização popular. Houve outros conflitos na região que o Brasil foi o negociador, por exemplo, no Peru, mas foi uma discussão de elite.

Quando você mobiliza a população, cria uma dinâmica imprevisível. E ele está fazendo isso por quê? Porque estava com dificuldades políticas, com sinalização de que poderia perder a eleição em 2024. Maduro tinha prometido a Estados Unidos e Brasil que faria uma eleição transparente desta vez. Quando ele levanta o ponto de Essequibo, abraça o nacionalismo e mobiliza a população. É verdade que 50% dos venezuelanos não foram votar no referendo, mas entre os que foram 95% apoiaram a incorporação de parte do território sob o domínio da Guiana há um século.

Com esse movimento, Maduro mudou a agenda do país. Seu objetivo é faturar politicamente. Mas isso pode fugir ao controle exatamente porque ele está colocando a população envolvida nesse assunto.

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