Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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O IGP-M, popular como índice de reajuste dos alugueis, registrou uma queda de 3,18%, de janeiro a dezembro. É a maior deflação do índice para o período desde o início da série histórica iniciada em 1989. O indicador, no entanto, vem acelerando. Em julho, o recuo em 12 meses era de 7,72%. Ou seja, a deflação apurado pelo indicador já foi maior em 12 meses, do que o dado fechado do ano. Segundo o economista André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre, o resultado no ano se deve ao comportamento de preços das grandes commodities que caíram muito. No entanto, esses mesmos produtos têm subido nos últimos meses:

- Aquelas commodities que tanto ameaçaram o IGP-M, na fase aguda da pandemia, agora cederam muito de preço. O milho, por exemplo, terminou 2023 com queda de 30,02%, a soja recuou 21,92%, e o trigo terminou com queda de 26,25%. As grandes commodities que servem de base para alimentos industrializados e também para trato dos animais que a gente consome caíram e isso explica o fato das carnes terem ficado muito mais baratas . O boi vivo no pasto caiu 13,54%, os suínos caíram, 1,66% e as aves caíram 9,39% . Mas esses preços começam a se recuperar - diz Braz.

O economista destaca que quando se olha apenas para o mês de dezembro o IGP-M subiu 0,74%, uma alta expressiva para o mês. E ressalta que o Índice de Preços ao Atacado ( IPA), que é o carro-chefe do indicador, subiu 0,97%. A grande pressão vem das matérias-primas brutas, não é não exatamente das commodities agrícolas, mas também das das commodities minerais:

- O grande destaque foi o minério de ferro, que subiu 4,63%, mas é claro, milho e a soja estão aqui também. A soja subiu 2,3% em dezembro, e milho subiu 11,3 %em dezembro. O café também foi destaque, com alta de 7,12% em dezembro. O IGP-M é muito volátil, a dinâmica de um mês não necessariamente se repete no próximo e a tendência é a gente ler na taxa em 12 meses que ainda continua negativa. Mas o fato é que está acelerando, de julho para cá, a deflação vem ficando mais tímida, cada vez menor, no embalo da recuperação do preço dessas grandes commodities, como milho, soja, trigo, minério de ferro, que tanto caíram.

Para 2024, Braz espera uma pressão inflacionária maior:

- Não deve ser uma recuperação explosiva, porque o mundo ainda está em recuperação. A gente vê que bancos centrais pelo mundo todo ainda estão praticando juros mais altos. Isso significa que a economia ainda está retraída, não está com grande fôlego e isso também impede que haja uma demanda, muito forte por essas grandes commodities, o que vai determinar o preço das commodities, principalmente no setor agrícola, são as safras.E aí a gente corre o risco por conta do el Niño e isso pode provocar uma aceleração.

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