Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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Informações da coluna

O ritmo de corte de juros pelo Banco Central deve se manter em 0,5 ponto percentual na reunião da próxima semana. Essa é a análise do mercado que passou amanhã desta sexta-feira a espera da divulgação dos dados de emprego nos EUA , o payroll, para fazer suas previsões. Silvio Campos Neto, economista e sócio da Tendências Consultoria, explica que esse dado influencia, e muito, a decisão do Federal Reserve (Fed) , o Banco Central americano, sobre a taxa de juros. E o que isso tem a ver com o Brasil? Os juros para cima nos Estados Unidos fazem com que o as taxas de juros subam no mundo todo.

Como os dados vieram em linha com a expectativa do mercado, ainda que fortes, com a criação de 199 mil empregos, não há indicação de uma mudança drástica na condução da política monetária americana, com novos aumentos de juros dos EUA, por isso, a manutenção do ritmo de queda por aqui.

-Embora os dados de mercado de trabalho dos EUA continuem se mostrando forte, acreditamos que a tendencia de desaceleração, dado o momento restritivo da politica monetária. Para o Banco Central do Brasil, o dado de hoje, não ajuda, mas não atrapalha. Ou seja, não sinaliza um corte acelerado, mas jogo que segue no ritmo de 0,5 ponto percentual - diz Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos.

Claudia Moreno, economista do C6 Bank, diz que ainda que não só o dado americano, mas o cenário externo um pouco mais tranquilo, do que se apresentava na última reunião do Copom, em novembro, reforça a continuidade da queda de juros:

-A leitura é que o dado de hoje não muda a estratégia do Fed, que deve começar a cortar os juros na metade do ano que vem. Os últimos discursos do Powell (presidente do Fed) têm indicado uma propensão a queda de juros. E se a gente pensar num cenário externo como um todo, houve um alívio em termos globais. Isso fez com que o real apreciasse um pouquinho, saiu um pouco do risco. É um cenário um pouco mais tranquilo para o BC continuar o ritmo de corte de juros de 0,5.

Campos Neto, da Tendências Consultoria, explica que, desde março de 2022, o Fed tem mantido um ciclo forte de alta de juros para deter as pressões inflacionárias, mas agora todas as avaliações é que esse ciclo foi encerrado.

-Quando os Estados Unidos sobem os juros, os juros de mercado ficam mais pressionados em todo o mundo, aumentando o custo do capital para todos os países e fortalecendo o dólar. Isso significa que a economia Americana forte, sugerindo um crescimento elevado por lá, aponta a possibilidade de juros mais altos. Isso significa também dólar mais valorizado, mais fortalecido, mais alto, inclusive em relação ao real. Então são várias as formas de transmissão dos dados norte-americanos para a economia brasileira.

A expectativa, diz Campos Neto, da Tendências, é que os números comecem a apontar de forma mais clara um esfriamento da economia norte-americana. Não só no mercado de trabalho, mas na atividade como um todo, abrindo espaço para que Banco Central dos EUA, comece a reduzir os juros, possivelmente em meados do ano que vem. E acrescenta:

-Essa percepção que está por trás dessa recente melhora de ambiente nos mercados, que tem ajudado ao longo das últimas semanas. A recuperação de bolsas, quedas de juros, de mercado próprio, dólar se acomodando em patamares um pouco mais baixos, com essa leitura de que a economia Americana vai desacelerar e, com isso, o Fed pode adotar aí uma postura mais é comedida.

Roberto Uchôa, responsável pela Área de Finanças e Administração da Escola de Negócios PUC-Rio, reforça que essa perspectiva é boa para o Brasil e pode refletir em juros mais baixos no país e otimismo na Bolsa:

-Isso abre mais espaço para o Banco Central manter as sucessivas quedas, que podem aquecer a economia brasileira, fazendo nosso PIB crescer no médio longo prazo. Além de reforçar o clima de otimismo que já temos na bolsa de valores brasileira.

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