Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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A primeira prévia da inflação do ano, o IPCA-15, veio abaixo das expectativas do mercado, fechou em 0,31%, quando as projeções chegavam a 0,50%. O indicador, divulgado nesta sexta pelo IBGE, aponta ainda uma mostrou uma desaceleração em relação a dezembro , quando foi 0,40%. O resultado indica uma economia mais fraca, com queda na demanda, o que aumenta a pressão sobre Banco Central do Brasil (BC) para redução dos juros. O economista Luiz Roberto Cunha, consultor da PUC-Rio, não acredita, no entanto, numa mudança no ritmo de corte na reunião do Copom que começa na próxima quarta-feira.

- A maior pressão sobre o IPCA-15 veio dos alimentos, que subiram muito próximo do esperado. O resultado de alimentação fora do domicílio, artigos de residência e vestuário, no entanto, indicam uma demanda fraca. As vendas foram menores do esperado no Natal e as liquidações se ampliam em janeiro. Tudo isso indica que o consumidor está com o dinheiro mais curto, ou seja, uma queda na demanda, o que pressiona ainda mais o Banco Central a cortar juros. Não acredito, no entanto, em uma ampliação do corte para além dos 0,5 ponto percentual. Acredito que o BC continuará cauteloso - afirma Cunha, que aposta numa pressão ainda maior do governo daqui para frente.

Luiz Leal, economista-chefe do G5Partner, pondera que apesar de um resultado geral muito melhor do que o esperado, a composição do IPCA que pode deixar o BC com a pulga atrás da orelha. "Os serviços subjacentes, medida mais utilizada por ele (BC) nos seus comentários, não só atingiu o seu maior valor mensal desde agosto de 2022, como vem acelerando há quatro meses. No acumulado em 12 meses já é o segundo mês seguido de aceleração e na média móvel trimestral dessazonalizada e anualizada, o quarto. Certamente isso não vai impedir que o BC continue a cortar os juros ao ritmo de 0,50 p.p., mas pode trazer à tona novamente a discussão sobre se ele vai manter, no comunicado, o plural ao se referir ao número de reuniões em que esse ritmo vai ser mantido, " diz o economista em seu relatório.

Cunha chama atenção para que o índice capta a inflação de alimentos em seu pico, já que dezembro a uma pressão sobre as carnes, com as festas de fim de ano, e janeiro sobre os alimentos in natura por conta das chuvas e do efeito El Niño. Esse resultado, diz, aponta para revisões para baixo das previsões para a inflação mensal e a anual no próximo Boletim Focus. O mercado, aliás, vem revisando para baixo, semana a semana, a projeção de inflação para 2024. Há 4 semanas a estimativa era de uma taxa anual de 3,91%. No último Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na segunda-feira, a previsão foi de 3,86%.

O resultado do IPCA-15, surpreendeu o economista André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre, que previa uma taxa de 0,50%:

- Esse é um bom sinal, porque se a inflação sofre uma influência da sazonalidade, isso já é previsto. Agora, se afora essa sazonalidade, ela ganha uma inércia, quer dizer, subiu em dezembro e continua subindo em janeiro, mais do que no mês de dezembro isso é ruim, Porque ela estaria ganhando força e isso não aconteceu.

Se a alta 2,04% de alimentação no domicílio veio em linha com o esperado, diz Braz, vários preços importantes, pondera, apresentaram uma tendência contrária, subindo menos do que o esperado ou caindo:

- Teve queda em algumas cidades na tarifa de energia, houve uma redução de 15% na passagem aérea , tudo isso contribui para que número viesse abaixo da expectativa. E ainda tiveram outras contribuições a parte de alimentação fora de casa também subiu menos do que em dezembro, não mostrando nenhum efeito das férias para que esse tipo de serviço permanecesse em aceleração.

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