Míriam Leitão
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Míriam Leitão

O olhar único que há 50 anos acompanha o que é notícia no Brasil e no mundo

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Apesar de ter registrado uma melhora no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,754, em 2021, para 0, 760, em 2022 - lembrando que quanto mais perto de um melhor as condições de vida da população - o Brasil caiu duas posições no ranking global de desenvolvimento humano das Nações Unidas. Isso parece contraditório, mas não é. Tem explicação. É que o Brasil melhorou menos do que outros países.

Estamos falando de 2022, o último ano do governo Jair Bolsonaro, e o que que aconteceu nesse período? A pandemia de Covid-19 produziu uma piora nos indicadores de expectativa de vida e de educação. Muita gente deixou de ir para a escola, que começou a funcionar de outra maneira, inclusive as escolas públicas, com aulas online. E as numerosas mortes causadas pela Covid que reduziu a expectativa de vida. Isso atingiu o mundo inteiro. Mas aqui a gestão Bolsonaro da pandemia foi desastrosa.

O Brasil tem 2,5% da população mundial, mas concentrou 11% das mortes registradas no planeta pela pandemia de Covid. Esse número é eloquente, mostra que no Brasil o efeito da pandemia foi muito mais violento.

E por quê? Porque a gente teve o governo federal defendendo que as pessoas se expusessem, uma gestão que demorou a tomar decisões no sentido da proteção e até na compra de vacinas. E tomou essas decisões, no fim das contas, empurrada pela sociedade. Isso levou a uma tragédia maior do que em outros lugares, do ponto de vista da letalidade da doença.

Do ponto de vista da educação não foi diferente. E nesse caso, o indicador mostra que houve, de fato, recuo na educação em 2022. E por quê a gente está recuando em educação? Porque a educação foi muito mal gerida no período Bolsonaro. O ministério teve vários ministros, cada um deles com uma visão completamente desconectada das questões centrais da educação.

Tivemos Abraham Weintraub com todas as suas gritarias e brigas, com nenhum foco na educação. Depois o pastor Milton Ribeiro, período no qual a discussão era fazer homeschooling ou não, um assunto evidentemente periférico diante dos enormes desafios da educação brasileira.

O problema da educação no Brasil não nasceu no governo Bolsonaro, mas o fato é que na sua gestão se deixou levar por debates ideológicos e ultraconservadores.

A melhora do IDH brasileiro, em 2022, está principalmente relacionada ao crescimento da renda. A expectativa de vida também aumentou, mas a gente não voltou ao patamar anterior à pandemia, e vários países do mundo já conseguiram recuperar as perdas.

Chama atenção ainda o fato de até mesmo a Argentina, que atravessa uma grave crise econômica, estar à frente do Brasil em educação. A Argentina tem tradicionalmente uma estrutura educacional muito melhor que a brasileira. O país fez a primeira revolução educacional ainda no século XIX, sempre investiu muito em educação. Eles estão numa situação de crise econômica muito grave, que vai se refletir nos indicadores, mas o que nós temos que olhar, principalmente, é para nós mesmos.

A gente pode até ter melhorado um pouco, mas o ranking da ONU mostra que o Brasil piorou em relação ao ritmo de recuperação do mundo. Temos muito o que caminhar, principalmente, na educação.

Educação tem que ser uma obsessão nacional. É preciso fazer um mutirão em favor da educação brasileira, só isso poderá garantir o progresso do país.

Progresso vem com a educação de crianças e jovens.

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