Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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Informações da coluna

Por Míriam Leitão

O Brasil ainda não encontrou o rumo do crescimento sustentado. E isso fica claro nos dados divulgados nesta quinta-feira. A alta do PIB de 2022, de 2,9% foi a maior dos anos recentes, mas em grande parte forjada por estímulos dados durante o período eleitoral pelo governo Bolsonaro. E 2021 teve crescimento mais forte que 2022, (5%), mas foi resultado da recuperação da queda da pandemia em 2020.

A desaceleração já começou com a queda de 0,2% do último trimestre de 2022 em relação ao terceiro. Outro dado que mostra isso é que o investimento no ano de 2022 ficou no mesmo nível de 2021: 18,8% contra 18,9%. Houve uma expectativa criada pelo ano anterior que estaria havendo aumento do investimento, mas não se confirmou.

A projeção para 2023 volta ao nível 1% que o Brasil tem mantido desde o fim da recessão de 2015-2016. O desafio do país é crescer mais, e de uma nova forma, com menos artificialismos. E agora, como tem dito sempre o governo, com uma política ambiental forte.

Aconteceu em 2022 exatamente o que o ministro Fernando Haddad não quer que aconteça agora, uma descoordenação entre política monetária e fiscal. O governo dava incentivos ao consumo, enquanto o Banco Central elevava a taxa de juros para conter a escalada da inflação. No fim, o BC teve que subir mais juros do que seria necessário e a conta chega agora no governo Lula. Essas distorções terão que ser corrigidas com ajuste fiscal que permita a queda da taxa de juros.

O consumo das famílias foi um dos destaques positivos, a agropecuária caiu, e subiram indústria e serviços. Esse último influenciado pela retomada total das atividades com a queda dos rigores da pandemia.

Esse ano já começou com a desaceleração do ritmo de crescimento, e além dos problemas da economia internacional, a economia brasileira está enfrentando as consequências da crise das Americanas. A crise atinge a um sem número de fornecedores e de empresas que vendiam através da empresa de varejo. Além disso, aumenta a percepção de risco e retrai o crédito.

Isso tudo se soma à taxa de juros em 13,75% que é alta para o contexto de desaceleração e diante da queda da inflação. Contudo o ruído político recente só complica o relaxamento da política monetária.

Haverá agora uma guerra de análise do que está acontecendo. Bolsonaristas dirão que entregaram o país crescendo, e o número de quase 3% parece confirmar isso. De outro lado, o atual governo dirá que entregou o país com queda no último trimestre e já apontando para baixo. E isso reflete mais a realidade. Quando saíram os estímulos eleitoreiros, o que se vê é a queda do PIB do último trimestre.

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