Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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O resultado do PIB mostra o passado. No entanto, há um dado dentro do indicador que aponta o futuro: a Formação Bruta de Capital Fixo, traduzindo, os investimentos. E a notícia até aqui, não é boa. Foi a quarta queda consecutiva do indicador: 2,5% comparado ao segundo trimestre. Na comparação com o terceiro trimestre de 2022, o recuo foi de 6,8%.

Na avaliação de Rebeca Palis , coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, a queda nos investimentos "é reflexo da política monetária contracionista, com queda na construção e também na produção e importação de bens de capital. Todos os componentes que mais pesam nos investimentos caíram neste trimestre”.

Para Claudio Considera, coordenador de Contas Nacionais do FGV Ibre, o "fracasso" dos investimentos, está muito mais ligado às incertezas sobre a aprovação das reformas propostas por Haddad, em tramitação no Congresso, do que ao patamar de juros, apesar de ainda alto:

-É lógico que a taxa de juros é um problema. Mas os empresários estão muito mais preocupados com o fato de se o Haddad vai conseguir entregar as reformas, principalmente a tributária. Apesar de já haver uma primeira aprovação, as sinalizações do Congresso não têm sido boas. O Legislativo sempre quer mais e fica essa pressão sobre o governo. A Reforma Tributária está sendo discutida há 40 anos, o sistema virou uma coisa disforme e precisa mudar. Se houvesse um sinal melhor do Congresso, o nível de investimento já poderia apresentar melhora.

Considera pondera, no entanto, que o próximo ano é de eleições, um ano em que o governo vai tentar recompor suas bases em estados e municípios, o que pode levar, apesar dos entraves fiscais, ao aumento de gastos e investimentos governamentais:

-Isso acontecendo cresce o número de empregos, o consumo e o PIB criando um ciclo virtuoso. Mas o ciclo virtuoso mesmo de investimento depende da aprovação da Reforma Tributária.

Claudia Moreno, economista do C6 Bank, avalia que o quarto trimestre também deve registrar uma desaceleração do crescimento e o PIB deve encerrar 2023 em 3%, com leve viés de baixa. Já em 2024, a queda da Selic, que se iniciou em agosto deste ano, deve voltar a dar um estímulo à economia e contribuir para um PIB de 1,5%. A economista Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro Ibre FGV, projeta um crescimento de 1,2%.

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