Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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Por que mesmo gastar dinheiro público com as empresas aéreas? O argumento é que não é público, é empréstimo do beneficiado e garantido por um fundo. O BNDES é um banco público, o FGO é um fundo público. Pode não representar desembolso do Tesouro, mas não é mercado privado.

A outra pergunta é: por que mesmo o governo tem que ajudar as companhias aéreas?

Pode-se responder, porque elas são empresas brasileiras e precisam de suporte para continuar operando. Não é bem assim. Não são brasileiras. A Azul é americana, a Gol pertence a um grupo colombiano, o Abra, e a Latam Internacional tem participação da Qtar, grupo que concorre com a Emirates e tem acionistas americanos. Pode-se dizer: mas elas fazem o tráfego aéreo no Brasil.

Então surge outra dúvida: elas precisam mesmo de dinheiro? A Azul está falando em comprar a Gol. Em junho passado, a Azul foi ao mercado internacional e conseguiu captar US$ 800 milhões, quase R$ 4 bilhões e depois renegociou dívidas e condições de arrendamento. Inclusive, ganhou um prêmio internacional pela sua reestruturação. Agora em fevereiro, captou novamente no mercado financeiro internacional, outros 147 milhões de dólares.

A Gol recorreu no dia 24 de janeiro ao chamado Chapter 11, da legislação americana para empresas com dificuldades. No próprio dia ela apresentou um plano de financiamento de quase US$ 950 milhões. E disse que com esse dinheiro novo seria capaz de enfrentar seus problemas.

A Latam também recorreu ao Chapter 11 e saiu dessa recuperação judicial com uma dívida 35% e dinheiro em caixa, US$ 2,2 bi. Publicou recentemente o seu balanço e deu lucro de US$ 581 milhões, ou quase R$ 3 bilhões.

Por outro lado, os consumidores não têm defesa diante dos muitos abusos, e piora de qualidade dos serviços aéreos. Mas a pergunta mais importante é se vamos reabrir hospital de empresa. Deu errado no passado. Dará errado de novo.

Tem muita ideia antiga que está sobrevoando este governo. A Petrobras, por exemplo, está querendo reestatizar partes que foram privatizadas, voltar para áreas que já saiu. Há ideia de voltar a construir navios, também com fundo garantidor, o que já deu errado no passado.

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