Míriam Leitão
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Míriam Leitão

O olhar único que há 50 anos acompanha o que é notícia no Brasil e no mundo

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O mundo vive em uma rápida alteração do clima, muito mais rápida do que os cientistas previram. Apesar disso, há muito negacionismo em relação ao tema, inclusive, no Congresso Nacional. Mesmo diante de tantos eventos, como a tragédia gaúcha, de tantas evidências, há quem continue a ignorar o risco e caminhe numa trilha insana. É justamente o que se vê agora com o projeto em tramitação no Senado que defende a redução da reserva legal da Amazônia. E o que é reserva legal na Amazônia? É o percentual da propriedade que deve ser protegida, preservada. Uma lei do governo Fernando Henrique estabeleceu esse percentual em 80%, quando o país vivia um pico de desmatamento. Esse é um legado que deve ser preservado.

O parecer favorável dado pelo senador Marcio Bittar (União-SC) ao projeto não surpreende. No começo do governo Bolsonaro, Bittar chegou a propor o absurdo de acabar com a reserva legal em todos os biomas. Atualmente essa reserva é de 20% na Mata Atlântica e no Cerrado. Ou seja, ele queria botar as florestas abaixo no Brasil, em uma proposta conjunta com o senador Flávio Bolsonaro, que, felizmente, não avançou. Agora Bittar é relator de um projeto que prevê no município onde tiver 50% de área pública preservada, que a reserva legal possa ser reduzida a metade. Isto significa que o proprietário de terras poderá desmatar mais do que desmata hoje. É um retrocesso, um caminho insano.

O momento é de preservar, refazer, reflorestar. É precisamos ouvir os cientistas, os climatologistas, os ambientalistas, afinal tudo que disseram ao longo dos últimos anos tem se confirmando o tempo todo e se transformado em tragédias humanas para os brasileiros.

Essa tragédia no Rio Grande do Sul é uma tragédia climática, é uma tragédia econômica e é uma tragédia humana. E gente tem que pensar nisso de forma completa e não em partes, o Congresso precisa fazer parte dessa solução e parar de andar na contramão da ciência.

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