O principal risco do clima é sempre o de perda de vidas humanas, mas tem impacto também nas empresas e instituições financeiras. O que se discute muito na economia é incluir o risco climático como parte dos cenários.
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Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central do Brasil, escreveu nesta segunda-feira um artigo no jornal Valor Econômico olhando a perspectiva do risco climático financeiro, do ponto vista do Banco Central.
Já estive no Banco Central conversando sobre risco climático e há uma discussão no BC brasileiro e nos bancos centrais do mundo sobre regulação em torno dessa questão.
Quando se faz cenário, não existe mais apenas o risco macroeconômico, de um desequilíbrio na economia de um país, ou o risco político, uma crise política. Mas o risco climático tem que ser considerado, pelas normas prudenciais, até das instituições financeiras e das seguradoras.
As empresas, em geral, têm que pensar nisso. E pensar, inclusive, na hora de escolher o seu próprio empreendimento, o seu investimento, o seu crescimento, não apenas levando-se em conta tudo o que pode ser diretamente impactado.
Por este motivo é incompreensível como o setor agropecuário brasileiro pode continuar sendo é o centro do negacionismo climático.
Apesar das reincidentes tragédias, pela agenda no Congresso que têm embutido, pelas medidas que propõem, eles não acreditam em mudança climática.
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O assunto abre um enorme guarda-chuva de medidas que têm que ser pensadas em cada área.
Na área econômica, na área de produção, na localização dos empreendimentos, definição das políticas públicas, até o risco climático da perspectiva do Banco Central. No BC há inclusive a convicção de que o risco climático está intimamente ligado à primeira missão da autoridade monetária, que é garantir a estabilidade da moeda e a estabilidade do mercado financeiro.
Então, não é um assunto que apenas tem que envolver administradores públicos. É um assunto sobre o qual o país como um todo, a economia em particular, precisa se debruçar para entender e preparar as medidas de proteção.