Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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O dólar chegou a valer R$ 5,378, às 10h30m desta segunda-feira, para iniciar uma ligeira queda que o trouxe para próximo R$ 5,36, refletindo os muitos ruídos no ar na economia — a moeda americana fechou o dia cotada a R$ 5,35. No contexto internacional, o ruído vem dos Estados Unidos. Os juros americanos têm sido um ponto de tensão desde o início do ano. Há quem possa pensar, e o que eu tenho a ver com os juros dos EUA? A questão é que o mercado é globalizado e a dívida americana é o grande ponto de atração da poupança global. Isso quer dizer que quando os juros americanos ficam mais altos, mais dinheiro é direcionado para os Estados Unidos. Isso significa que há menos dólar indo para outros países, o que leva a mais especulação sobre o dólar, elevando a cotação da moeda. Essa é uma questão.

Além disso, há uma outra tensão no ar que é a eleição do parlamento europeu, realizada neste domingo, que aponta o crescimento da extrema direita em vários países do bloco. Diante do cenário, o presidente francês, Emmanuel Macron , dissolveu o parlamento da França e convocou eleições. Tudo isso cria instabilidade. O parlamento europeu não toma decisões sobre as políticas internas dos países, mas é um fator importante para a existência da União Europeia.

A extrema direita é contra o bloco, ainda que hoje alguns integrantes do movimento tenham moderado seu discurso anti-europeu por medo que se repita aconteceu na Inglaterra com o Brexit que trouxe uma fonte de incertezas e dificuldades para a economia do Reino Unido. A experiência não é boa nem recomenda movimentos semelhantes pela Europa afora.

O Brasil também tem seus problemas locais. Semana que vem, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para discutir os juros no país. Os relatórios dos bancos dizem que as expectativas de inflação no Brasil estão desancoradas, o que já foi dito inclusive pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

A previsão de inflação, de fato, tem subido, mas na margem. No Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, projeção para o IPCA deste ano saiu de 3,88% para 3,90%, um aumento 0,02 ponto percentual. Para o ano que vem, o ajuste foi de 3,77% para 3,78%, míseros 0,01. Pode-se argumentar, mas tem subido toda semana? Sim, sobe um pouquinho a previsão, mas nada que ameace a meta da inflação que é de 3%, com uma banda até 4,5%.

Em geral, a aposta do mercado é que os juros não devem cair na próxima semana, mantendo-se em 10,50%. Pessoalmente, me parece um grande exagero, quando a inflação está em 3,69% em 12 meses. Os juros reais estão altos demais para um país que não está com esse desequilíbrio macroeconômico.

Há muita expectativa para a reunião do Copom da próxima semana, vamos aguardar se a Selic será mantida em 10,50% ou haverá um novo corte de 0,25%.

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