Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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GERADO EM: 27/06/2024 - 15:41

Projeções do Banco Central para 2022

Banco Central projeta crescimento de 2,3% para este ano, surpreendendo o mercado. Impacto da tragédia gaúcha será menor no PIB, inflação sobe para 4%. Alerta para cenário internacional incerto e risco de estouro do teto da meta.

O aumento da projeção de crescimento de 2,3% pelo Banco Central é uma surpresa positiva no Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta quinta-feira. O mercado vem ensaiado uma recuperação, um aumento desse número, com algumas idas e vindas. No Boletim Focus, que reúne as projeções de mais de uma centena de analistas, divulgado toda segunda-feira, chegou a uma estimativa de alta 2,09% nesta semana. Mas o Banco Central saiu na frente, já tinha revisado em março a previsão de crescimento de 1,7% para 1,9% e agora para 2,3%, o que chamou a atenção.

O ministro Fernando Haddad disse hoje ter a "firme convicção" que o Brasil pode chegar a 2025 com uma média de crescimento de 2,5% ao ano, o que é excelente para os nossos padrões. Claro que a gente precisava crescer mais, mas seria o melhor desempenho em uma década.

Há outros dados positivos assinalados pelo relatório do BC. Houve um aumento do consumo, do investimento (a formação bruta de capital fixo). A autoridade monetária atribui esse crescimento do investimento ao efeito da queda da taxa de juros. É uma pena, no entanto, que, na reunião da última semana, o Copom tenha interrompido o ciclo de cortes da Selic, sem indicar qualquer perspectiva de novas reduções.

Outro ponto importante, é a avaliação do BC de que a tragédia gaúcha vai ter pouco impacto na economia. Isso não significa que o sofrimento no estado será curto, a reconstrução das empresas e das moradias, da própria economia é algo que demora. No entanto, os estímulos dados pelo governo, seja as pessoas diretamente, ao estado ou aos negócios vai se desdobrar num impacto menor do que se imaginou inicialmente no PIB.

O efeito nas chuvas no Rio Grande do Sul, por sua vez, já aparece de forma mais contundente quando o assunto é inflação. O relatório identifica que há quedas mensais na taxa, mas ressalta a piora nas expectativas, agravada pelas enchentes no estado. Nesse cenário, a autarquia monetária elevou a sua projeção de inflação para este ano de 3,5% para 4%, o que ainda está dentro da meta, já que o alvo é 3%, mas o intervalo é até 4,5%.

Enfim, o relatório mostra um país que está surpreendendo favoravelmente no crescimento, e um crescimento com aumento do emprego, de renda, o que se desdobra em crescimento de consumo e do investimento. Então, é uma economia que está bem, mas com um sinal de alerta aceso para a inflação.

Não por causa do número em si dos últimos 12 meses, mas porque se projeta uma taxa um pouco pior, que reflete o cenário interno, claro, mas também uma situação internacional ainda bastante incerta, sem expectativa para queda dos juros americanos, o que pressiona o câmbio e posterga novas quedas da Selic. Tudo isso junto aumenta o risco de estouro do teto da meta de inflação.

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