Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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Apesar de traçarem um cenário inflacionário saudável no curto prazo, com boa parte das métricas oscilando próximo da meta de 3%, os economistas apostam que o IPCA de maio, que será divulgado pelo IBGE nesta terça-feira, vai acelerar em maio frente a abril. Há maior parte das projeções fica entre 0,39% e 0,45%, mas há os mais pessimista que apontam uma alta de 0,70% frente aos 0,38% apurados pelo IBGE no mês passado. A inflação vai ser puxada pelo transporte, especialmente a alta dos preços das passagens aéreas e dos combustíveis, pelo grupo de alimentos e bebidas, em reflexo da situação do Rio Grande do Sul, e vestuário, por uma questão de sazonalidade, dizem os analistas.

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-De maneira geral dá pra dizer que o processo de desinflação continua no Brasil, com núcleos bem comportados, mas a questão continua sendo a velocidade dessa desinflação. E essa velocidade é mais lenta por conta do comportamento do setor de serviços. A inflação de serviços segue muito elevada. Essa velocidade mais lenta tem alguns tropeços também em maio. Parte dos preços de alimentos podem ficar um pouco mais pressionados, como o caso de laticínio e arroz, em virtude da crise no Rio Grande do Sul. Há também a sazonalidade do vestuário. O retrato geral é de que a gente segue com o processo de convergência do IPCA em direção à meta, mas no ritmo lento, o que aumenta as preocupações do mercado e do Banco Central - diz Roberto Padovani, economista-chefe do banco BV, que prevê alta de 0,45%.

Igor Cadilhac, economista do Pic Pay, projeta um IPCA de 0,39% em maio. No acumulado de 12 meses, avalia, o índice provavelmente atingiu o mínimo do ano em abril , quando foi 3,69%, e agora deve voltar a subir, alcançando 3,86% e fechando o ano em 3,8%. Cadilhac diz que qualitativamente os dados devem mostrar quadro inflacionário saudável no curto prazo:

- Boa parte das métricas estão oscilando próximo da meta de 3% na média dos últimos três meses dessazonalizados. É verdade que os itens mais sensíveis à força da economia, como serviços, ainda geram algum desconforto, rodando próximos de 5%. De toda forma, nos parece sensato afirmar que o nosso principal desafio não é a inflação corrente, mas as expectativas futuras.

Na avaliação de Igor Cadilhac, as principais contribuições inflacionárias devem vir do grupo de Transportes (0,53%), devido à alta esperada das passagens aéreas (6%) e dos combustíveis, especialmente gasolina (1,1%) e etanol (1,9%). Espera-se ainda, diz o economista, um impacto significativo no grupo de Alimentação e Bebidas (0,48%), principalmente na Alimentação no domicílio (0,5%), em função dos impactos da calamidade pública no Rio Grande do Sul.

Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, assim como Cadilhac, espera que a inflação de maio feche em 0,39% , com outra leitura qualitativa boa. Diferentemente dos outros analistas, Andréa projeta desaceleração em alimentação no domicílio de 0,81% para 0,43%, principalmente em razão dos produtos in natura que deverão apresentar alta de 1,2% frente aos 3,95% no mês anterior. Outro item que deverá ajudar a taxa de maio, avalia, é a descompressão dos preços dos medicamentos, com o fim do impacto do reajuste dos preços de 4,5%. A economista mantém a projeção do IPCA em torno de 4% para 2024 e 2025, mas vê um balanço de risco altista para estes períodos.

Já o economista Álvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec, é o que faz estimativa mais pessimista para a inflação de maio com uma projeção de aceleração para 0,70%.

- Maio não me preocupa, mas sim a tendência futura da inflação e baixo crescimento "contratado". Diante disso o Banco Central não poderá reduzir juros e com isso a economia não engrena - explica.

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