Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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GERADO EM: 27/06/2024 - 10:15

Meta de inflação a 3%: Estabilidade e Previsibilidade

O estabelecimento da meta contínua de inflação a 3% reafirma compromisso com a estabilidade econômica e dá previsibilidade ao sistema monetário, mantendo os pilares do tripé macroeconômico. A mudança representa um avanço na política monetária brasileira, consolidando conquistas importantes após 25 anos de implementação do Plano Real.

O estabelecimento da meta contínua para a inflação brasileira aperfeiçoou o sistema de metas, que foi inaugurado em 1999, e reafirmou o compromisso do governo com a inflação baixa que vem da implementação do Plano Real em 1994.

Não havia nada errado com o modelo anterior, ele funcionou muito bem nesses 25 anos. No modelo ano-calendário, o Banco Central deveria perseguir o cumprimento da meta de inflação definida para aquele ano. Se não tivesse êxito e o ano fechasse com a inflação acima do patamar estabelecido, o presidente da autoridade monetária tinha que se explicar numa carta pública. E quando o Banco Central faz a sua carta, se explica, todo o governo precisa se reajustar, tanto na política fiscal quanto na política monetária, porque elas têm que andar juntas na mesma direção.

O presidente do BC continuará tendo que se explicar, mas agora em vez de alvo estar vinculado ao ano-calendário, de janeiro a dezembro, vai ser se a meta estourar durante seis meses consecutivos.

O importante é que a meta de inflação foi mantida daqui para diante em 3%, como referendou o Conselho Monetário Nacional (CMN) na reunião desta quarta-feira. Houve muita pressão de dentro e de fora do governo, no início deste ano, para que esse percentual fosse alterado. Neste sentido, o novo modelo traz uma outra novidade ao determinar que qualquer mudança na meta terá que ser feita com 36 meses de antecedência. Isso dá previsibilidade.

A princípio a meta pode parecer abstrata, mas é muito efetiva. E é efetiva porque se baseia no que os economistas chamam de tripé macroeconômico. A primeira coisa é o câmbio flutuante. Ou seja, ninguém vai manipular a cotação da moeda americana para segurar a inflação. A segunda é que a política monetária é independente, não se vai baixar os juros artificialmente. E por fim as contas públicas ( a perna fiscal) precisam buscar o equilíbrio. Não é só com juros altos que se controla a inflação. Não pode ser assim, senão o juro fica muito alto e esse remédio vai "envenenando o organismo", a economia. Por isso, é preciso que as contas públicas estejam ajustadas.

O sistema de meta vem sendo seguido no Brasil há 25 anos, passou por momentos de tensão, a meta estourou algumas vezes, mas sempre acabou voltando à trajetória prevista. O que acontece agora é um aperfeiçoamento natural.

Outros países já tinham feito essa transição para um modelo de meta contínua. Manter a inflação baixa é uma conquista. E é bom que se repita isso quando nos aproximamos dos 30 anos de aniversário do Plano Real, celebrado na próxima segunda-feira, que essa é uma conquista do país como um todo. A nossa vizinha Argentina que diga a falta que faz a estabilização.

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