Míriam Leitão
PUBLICIDADE
Míriam Leitão

O olhar único que há 50 anos acompanha o que é notícia no Brasil e no mundo

Informações da coluna
Por

É muito interessante quando você olha a parte econômica da nova pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira, com a avaliação do governo do presidente Lula, porque existe uma melhora geral da percepção sobre o governo, mas a avaliação da economia ainda é ruim, apesar dos dados apontarem o contrário. O país cresce, o emprego está alto, a renda melhorou, a inflação está baixa.

O IPCA ficou em 0,21% em junho, uma desaceleração em relação ao mês de maio quando registrou alta de 0,46%. Os dados divulgados na manhã desta quarta-feira pelo IBGE, apontam que houve uma aceleração no índice em 12 meses, de 3,93% para 4,23%, ainda dentro do intervalo da meta para este ano que vai até 4,5%. Mas o importante é a percepção.

Para 36% dos entrevistados, a situação econômica piorou, nos últimos 12 meses, menos de um terço (28%) considera que melhorou e para 32% nada mudou. Mais de 60%, no entanto, disseram que o seu poder de compra diminui no último ano. Para apenas 21% houve melhora.

E quando a pergunta é produto a produto, em qualquer segmento da população, a maioria acha que luz, gasolina, alimentos estão mais caros.

É acachapante que 60%, 70% considerem que os preços aumentaram, por que a inflação está baixa. Mas o que explica essa percepção? O primeiro ponto, é o fato de a inflação deste ano estar sendo puxada pela alta de preços de alimentos, enquanto no ano passado houve deflação nos itens que chegam à mesa do brasileiro.

Em junho, o grupo Alimentação e Bebidas teve, mais uma vez, a maior contribuição positiva para o IPCA, com uma alta de 0,44%. A variação, no entanto, foi menor do que no mês anterior, quando foi de 0,62%, mostrando uma desaceleração dos preços no segmento. De qualquer forma, alta no valor de alimentos é fortemente sentida pela população.

Um segundo ponto a ser destacado nessa avaliação do resultado da pesquisa é que a população brasileira é muito exigente hoje com a inflação. Ela quer inflação baixa, mas quer custo de vida baixo também. A população quer poder de compra melhorando. Isso vem do trauma de ter vivido a hiperinflação.

Outro ponto interessante apontado pela pesquisa é que apesar das pessoas dizerem que o juros está alto, e está mesmo, apenas um terço dos entrevistados soube das críticas feitas pelo presidente do Lula ao presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto.

Há um equilíbrio perigoso aqui, pois se o presidente continua com esse embate com Campos Neto, ele eleva o dólar, pressiona a inflação, que já aperta os calos do eleitor. O recado da pesquisa é claro: é importante manter a inflação baixa e a economia organizada.

Mais recente Próxima Lula aproveita ida à Bolívia e manda mais recados em favor da estabilidade fiscal