Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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As entrevistas do presidente Lula têm sido um elemento importante nas oscilações do dólar. Claro que ele deve falar com a imprensa, a questão é que ele vem reprisando sempre as críticas à autonomia do Banco Central e isso vem causando especulação. Em entrevista à Rádio Princesa, na Bahia, Lula voltou a dizer que a inflação está controlada e não é necessário política de juros altos e reforçou "que não dá para um cidadão de ter mandato e ser mais importante que o Presidente da República, isso é equivocado". Evidentemente, há um exagero na fala do presidente. O presidente do Banco Central, independentemente quem esteja exercendo o cargo, não é mais importante do que o presidente da República. Ele tem a autonomia para a defesa da política monetária e perseguir a meta de inflação que é definida pelo governo. Está longe de ser mais importante que o presidente da República.

Lula se queixou que está há quase dois anos com o presidente do Banco Central indicado pelo governo anterior e ele não acha que isso é correto. Se ele quer acabar com a autonomia do BC, deveria propor o fim dessa autonomia ao Congresso. Isto é, se ele quiser gastar seu capital político nessa briga, ele pode. Muito provavelmente vai perder a votação. Falar sobre isso dia sim e o outro também, no entanto, cria um ambiente próprio para especulação.

Além disso, a fala passa a impressão de que quando o Banco Central tiver sob comando de uma pessoa da sua escolha vai ser administrado politicamente e será condescendente com a inflação. O que não é uma boa mensagem.

O dólar começou esta segunda-feira em R$ 5,58, e logo caiu para R$ 5,57. Chegou bem próximo a R$ 5,60, quando o presidente Lula falava na rádio, e depois caiu R$ 5,56 e às 12h46 estava em R$ 5,57 e às 16h já chegava R$ 5,63.

O fato é que o dólar afeta a vida das pessoas, o preço dos combustíveis, dos alimentos, de tudo, e isso se reflete em inflação mais alta. Além disso, cria entraves para as empresas. Tudo isso é ruim para todo mundo, mas, principalmente, para o governo. Por isso, avalio que o presidente Lula precisa rever a forma como tem se colocado.

Este ano, até agora, a cotação da moeda americana já se valorizou quase 18% frente ao real. Só no mês de junho a variação foi de 6,48%.

É claro que a cotação do dólar também é pressionada por razões externas. Mas o fato é que não há nada na situação econômica brasileira que justifique o fato de o país estar situado entre os piores desempenhos de moedas de países emergentes frente ao dólar.

Os erros de comunicação da Presidência da República alimentam a instabilidade cambial brasileira nesse momento.

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