Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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Informações da coluna

Eventos climáticos extremos, como as enchentes no Rio Grande do Sul, têm um impacto profundo no resultado das empresas e na saúde emocional dos trabalhadores. A perspectiva de eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes e a falta de material de apoio à saúde mental nesses momentos, levou o Pacto Global da ONU - Rede Brasil a lançar, nesta quarta-feira. o "Guia Orientativo Sobre Como Lidar com Emergências e Desastres". A organização entende que cuidar da saúde mental é essencial para o bem estar social e para o desenvolvimento corporativo. Nesse sentido é necessária uma gestão eficaz de riscos psicossociais e o uso de tecnologias avançadas para fornecer suporte contínuo, o que garantirá bem-estar por um lado e como efeito uma recuperação econômica mais rápida.

- O guia pode ser usado para inspirar a construção ou revisão de processos de acolhimento, manejo de crise e autocuidado em catástrofes. Nosso desejo é alcançar o maior número de pessoas, sejam elas profissionais que atuam no tema da saúde em empresas ou autonomamente, assim como a população em geral, e trazer a conversa sobre saúde mental para os ambientes corporativos, porque esses espaços recebem as vítimas dessas tragédias - destaca Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU - Rede Brasil.

O guia, construído por especialistas em saúde mental, em parceria com a Bee Touch e o Grupo InPress, foi feito a partir de uma revisão extensa da literatura nacional e internacional, reunindo contribuições de profissionais experientes em saúde mental. Com duas versões, uma para profissionais da saúde e outra, para a população em geral, que sofre com a tragédia, o guia orientativo coloca o cuidado com a saúde mental no lugar de prioridade quando esse eventos acontecem. Além de informações de apoio imediato, é debatido como os impactos psicológicos de emergências podem ser duradouros e significativos, manifestando-se em transtornos como estresse pós-traumático, ansiedade, depressão e até abuso de substâncias.

- Os eventos climáticos extremos, como as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul , têm impactos profundos e duradouros não só nas infraestruturas físicas, mas também na saúde emocional e produtividade dos trabalhadores. As consequências de tais tragédias se estendem por diversos setores da economia, afetando empresários e trabalhadores de maneira significativa. Empresas que não investem na recuperação emocional de seus colaboradores podem enfrentar uma recuperação econômica mais lenta e dificuldades em manter um ambiente de trabalho produtivo. A saúde mental dos trabalhadores é um componente crucial para a resiliência organizacional, e negligenciar isso pode resultar em perdas contínuas de produtividade e um aumento nos custos associados a ausências e baixa performance - explica Ana Carolina Peuker especialista em Psicologia Clínica, organizadora do Guia e CEO da Bee Touch.

Investir na saúde mental dos trabalhadores , mostra o estudo, é essencial para construir uma cultura organizacional, onde as empresas não só sobrevivem às adversidades, mas possam sair mais fortes e preparadas para os desafios futuros.

- Estudos indicam que a produtividade pode cair drasticamente após eventos traumáticos, com empresas enfrentando desafios significativos para retomar seus níveis normais de operação. Os traumas causados por tragédias como enchentes têm efeitos duradouros na saúde mental dos trabalhadores. Sem suporte psicológico adequado, os indivíduos podem desenvolver transtornos como depressão e Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), que comprometem ainda mais sua capacidade de trabalho. Esses efeitos prolongados resultam em uma força de trabalho menos engajada e mais propensa ao esgotamento, afetando a competitividade e sustentabilidade das empresas a longo prazo - diz a gaúcha Ana Carolina.

Confira algumas orientações do guia para antes, durante e depois das emergências climáticas:

  • Antes da crise: As empresas devem promover um ambiente de trabalho saudável e resiliente, oferecendo treinamento sobre gestão de estresse e recursos para apoio emocional. Preparar os trabalhadores para lidar com situações adversas é essencial para minimizar os impactos negativos.
  • Durante a crise: No momento do desastre, é fundamental fornecer suporte imediato. Linhas de ajuda, sessões de aconselhamento e comunicação clara são necessárias para ajudar os trabalhadores a lidar com o trauma. A presença de profissionais de saúde mental no local pode fazer uma diferença significativa na mitigação do estresse agudo.
  • Depois da crise: O suporte não deve cessar após a resolução inicial do desastre. É crucial continuar monitorando e apoiando os trabalhadores em sua recuperação a longo prazo. Programas de acompanhamento, grupos de apoio e acesso contínuo a recursos de saúde mental são fundamentais para garantir uma recuperação completa e sustentável.

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