A indústria pretende lançar menos produtos este ano do que em 2023. Isso não é má notícia, pois a base de comparação é muito alta: o crescimento no ano passado foi de 26,8% ante 2022, segundo o Índice GS1 Brasil de Atividade Industrial. Segundo o levantamento de junho, o saldo da intenção da indústria nacional em lançar produtos está negativo em 4,9% quando comparado a maio. Já ante junho de 2023, a queda é de 27%. O índice é medido com base nos pedidos de códigos de barras de produtos e, com isso, antecede a movimentação da indústria para análises da economia.
- Junho de 2023 foi um mês de otimismo porque a OMS declarou o fim da pandemia de 5 de maio e o índice está muito ligado também à confiança do empresário brasileiro. O início de 2022 foi muito desacelerado, porque a confiança estava baixa. Como junho de 2023 foi fora da curva, o mesmo mês de 2024 tem comportamento de queda. Mas, na verdade, junho de 2024 retoma um comportamento pré--pandemia, tanto que são números próximos ao 2018 e 2019 de lançamentos -explica a gerente da área de P&D, Marina Pereira.
Segundo ela, a partir de maio e até agosto, há uma aceleração de lançamentos, pois é o período que a indústria está se preparando para atender as demandas do segundo semestre como Dia das Crianças, Black Friday e Natal.
- 2024 deve ser um ano mais retraído com relação a 2023, mas isso não quer dizer que é um ano ruim. É um ano, na verdade, que ele está voltando aos patamares de normalidade do ciclo de lançamento de produtos que a gente acompanha nas empresas.
Observando os setores, em junho, o setor têxtil teve maior queda e o de bebidas puxa o índice para cima. Em parte, este resultado foi impactado pela temperatura.
- O setor têxtil já vem algum tempo também sofrendo muito com a importação. E o setor de bebidas está puxando o índice pra cima, porque sempre se reinventa, tem novas embalagens, novas formas de disponibilizar produtos. Além disso, o inverno está sendo atípico, mais quente, então também a parte de lançamento de produtos de têxtil fica mais retraída. E quando a temperatura está mais alta, as bebidas são mais estimuladas e as empresas atentas também para trazer alternativas e novas opções.