Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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GERADO EM: 10/07/2024 - 12:03

Inflação em alta: desafios e pressões econômicas

A inflação em 12 meses continuará acelerando, influenciada pela deflação de alimentos em 2023. Aumento da gasolina impactará a taxa de julho, mantendo desafios no controle da inflação. Pressões inflacionárias cederam, mas é necessário manter a taxa de juros para evitar distanciamento da meta.

A inflação de junho veio abaixo do que era esperado pelo mercado, com uma forte desaceleração de alimentos, ambas boas notícias. A performance do IPCA para segundo semestre deste ano, no entanto, não vai repetir o desempenho do que se viu no mesmo período do ano passado. A tendência é que a taxa em 12 meses continue acelerando daqui para frente, como visto agora em junho, para mais próximo do teto da meta de 4,5%. Não há nenhum sinal de descontrole inflacionário no radar, ressalta o economista Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio. Os dados de agora refletem a forte desinflação de alimentos registrada a partir de maio do ano passado, quando a variação foi zero, até a última deflação desse grupo de produtos apurada no IPCA-15 de outubro, explica o economista.

- A Alimentação no domicílio veio 0,47% em junho, é baixo. A nossa expectativa, por exemplo, era que fosse de 0,80%. O problema é que quando se compara com o ano passado a variação é grande, pois tivemos deflação meses. Em maio de 2023, a variação de alimentos foi zero. Em junho, houve queda de 1,07%, em julho a retração foi de 0,72%, em agosto, -1,26%, em setembro de recuou de novo em 1,02%. Em outubro houve deflação até o IPCA-15, no fechado do mês a variação foi positiva em 0,27%. Então mesmo a inflação estando baixa, em 12 meses o indicador vai acelerar, ficando entre 4% e 4,5%. Fala em estouro da meta, por enquanto, ainda me parece terrorismo - diz Cunha.

Safra, dólar, tragédia gaúcha, mudanças climáticas, há muitos fatores que influenciaram nos preços dos alimentos - que presentam 16% do IPCA. Mas nem todos os fatores que contribuíram para essa alta têm um viés negativo, pondera o economista:

- Com o aumento do emprego e da renda, os brasileiros e estão comendo melhor. E essa demanda também se reflete no preço. Não tem almoço grátis, é a velha lei da oferta e da procura - explica.

André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre, diz que a expectativa que a alimentação suba cada vez menos ao longo dos próximos meses, respeitando também a sazonalidade, um período de oferta mais forte, principalmente para alimentos in natura. Ele pontua, no entanto, que há desafios no radar e destaca o efeito do aumento da gasolina, anunciado pela Petrobras na segunda-feira, já no IPCA de julho.

- Tivemos aumento no preço da gasolina no início deste mês, que vai impactar aí a inflação. E temos ainda um cenário de instabilidade doméstico e internacional, que tornam o controle da inflação um desafio, exigindo da autoridade monetária, a manutenção da taxa de juros básica da economia em 10,5%. A manutenção dos juros ainda é necessária para não permitir que a inflação se distancie muito da meta que este ano é de 3%. A gente está com 4,23% de inflação em 12 meses. É importante observar como o câmbio vai bater na inflação, como ele vai desafiar um pouco mais a política monetária e exatamente para lá na frente tomar uma decisão mais assertiva quanto o futuro da taxa De qualquer forma, as pressões inflacionárias de curto prazo cederam um pouco e cederam onde a população sente mais, que é na parte da alimentação. Foi uma boa notícia - destaca Braz.

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