O presidente Lula reafirmou seu compromisso com a estabilidade fiscal em sua visita à Bolívia. Ele falou várias vezes em crescer sem comprometer as contas públicas e destacou que o Brasil, na esteira da Constituição Cidadã, de 1988, superou os fantasmas da inflação e da dívida externa.
— Reduzir déficit fiscal sem comprometer a capacidade de investimento público é um compromisso da minha gestão — acrescentou o presidente.
Semanas atrás o mercado ficou agitado por declarações do presidente que indicavam um baixo compromisso do Planalto com o arcabouço fiscal, o que teve como efeito, entre outras coisas, a alta do dólar. Ele fez questão de reafirmar esse compromisso, mais uma vez, na Bolívia, ao dizer que quer as duas as coisas: investir mais e reduzir o déficit fiscal.
Chamou atenção também a fala de Lula sobre o fato de que o "momento de ouro" da economia passou. Ele destacou que não há "mágica" na economia. Isso é muito importante. Esse é um conceito, parece simples, mas é muito complexo. Quando se entende que não há mágica, você vai trabalhar no que tem de frente. O presidente destacou ainda que a economia tem algumas palavras-chave:
— Isso (momento de ouro) acabou no Brasil e na Bolívia. E acabou por que há uma mágica em economia? Não, economia não tem mágica. Economia tem algumas palavras-chave que nós não podemos desperdiçar. A primeira palavra mágica para uma economia dar certo é estabilidade e credibilidade política. A segunda palavra-chave para que um país dê certo, para que a economia cresça e tudo fique bem, é preciso estabilidade na economia. A terceira palavra mágica é importante a gente ter estabilidade fiscal. A quarta palavra mágica é importante a gente ter estabilidade jurídica. E a quinta palavra mágica é importante a gente ter estabilidade social.
Com essa fala Lula reforça todo o movimento iniciado na semana passada, que levou à queda do dólar, e destacou a sua estratégia.
Há outros recados importantes do presidente Lula, na Bolívia, o principal deles foi a defesa da democracia. A Bolívia teve o episódio recente de tentativa de golpe e nessa visita, ao lado do presidente, Luis Arce, Lula defendeu a democracia como princípio, um valor para a América Latina.
A situação na Bolívia é bem complicada. Lá a briga é entre líderes do mesmo grupo de esquerda. O ex-presidente Evo Morales e Arce se desentenderam, apesar de serem do mesmo movimento. Morales quer , disputar a presidência, mas está inelegível. E foi nesse cenário que se deu a ameaça de golpe clássico, com comandante militar se rebelando contra o governo eleito. São os velhos fantasmas da América Latina, a dificuldade econômica e a dificuldade política.