Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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Informações da coluna

O grupo Alimentação e bebidas registrou um recuo de 0,44%, após oito meses consecutivos de alta, na prévia da inflação de julho. Divulgado nesta quinta-feira pelo IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,30%, apesar de abaixo da taxa de junho, quando variou 0,39%, ficou acima das expectativas do mercado. Há uma pequena desaceleração também comparação interanual, uma queda de 0,07 ante a junho de 2023. Em 12 meses, no entanto, o IPCA-15 acelerou: acumulou alta 4,45% contra 4,06% apurados nos 12 meses imediatamente anteriores.

A maior contribuição positiva para o índice foram Transportes , com alta 1,12% - puxado por passagens aéreas que subiram 19,21% e combustíveis (1,39%) - e Habitação , que subiu 0,49%, influenciado, principalmente, pela energia elétrica residencial que cresceu 1,20%, com a bandeira tarifária amarela.

- O IPCA-15 veio dentro da expectativa e está cheio de destaques, alguns já conhecidos. Já se sabia que a alimentação ia apresentar alguma queda e está muito concentrada em alimentos in natura, os produtos de feira livre caíram. O aumento da gasolina autorizado pela Petrobras ainda não foi plenamente captado pelo IPCA-15, mas já teve alguma influência o resultado, assim como o avanço de outros combustíveis que acompanharam o aumento da gasolina. A energia também subiu, por conta de alguns reajustes em algumas cidades do país, mas principalmente por conta da prática da bandeira tarifária amarela que encareceu a conta de energia em todo o país. O índice mostra essa queda de braço: tarifas de preços controlados em alta, contra uma alimentação em queda. Se a alimentação não tivesse caído tanto, o índice seria maior, mas já foi, assim, uma boa notícia - diz André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre.

No grupo Alimentação e bebidas, a alimentação no domicílio foi destaque com uma queda de 0,70% em julho. Entre os alimentos que mais contribuíram para esse recuo estão cenoura que registrou uma redução de 21,60%, tomate (-17,94%), cebola (-7,89%) e frutas (-2,88%). No lado das altas, destacam-se o leite longa vida (2,58%) e o café moído (2,54%).

Na alimentação fora do domicílio não houve queda, mas a taxa desacelerou de 0,59% apurados em junho para 0,25% neste mês, segundo os dados do IBGE.

- A perspectiva é que a taxa fechada do IPCA de julho fique mais próxima de 0,40% exatamente porque vai captar uma influência maior da gasolina e também vai captar uma influência maior da tarifa de energia por conta da bandeira tarifária. Essa aceleração na inflação mensal pode ser reduzida se houver uma intensidade maior das quedas dos preços de alimentação. Minha perspectiva para o ano continua de um IPCA de 4,2% - diz Braz.

Na avaliação do economista Thiago Moraes Moreira, professor do Ibmec, a queda dos preços das commodities agrícolas no mercado global são uma boa notícia para a inflação:

- Os alimentos vinham pressionando bastante a inflação no Brasil, os preços internacionais de arroz, soja, trigo e milho ajudam a uma queda da taxa. Além disso, apesar de ainda aquecido, o mercado de trabalho desacelera e na minha avalição já não exerce mais a mesma pressão sobre a inflação que víamos até aqui.

Em seu relatório, o Bradesco diz que apesar da inflação ter subido mais do que o esperado, não muda a projeção para o IPCA feche o ano com alta de 4.1%. A surpresa, na avaliação do banco, foi concentrada em um item bastante volátil, as passagens aéreas, e não deve mudar drasticamente a dinâmica esperada da inflação. E acrescenta que a Pesquisa Empresarial feita pelo Bradesco indica baixa intensão de repasse por parte dos empresários de repasse da depreciação do real.

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