Míriam Leitão
PUBLICIDADE
Míriam Leitão

O olhar único que há 50 anos acompanha o que é notícia no Brasil e no mundo

Informações da coluna

A taxa de desemprego do segundo trimestre deste ano, de 6,9%, divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE, representa o cumprimento da meta de desemprego adaptada ao Brasil do 8º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável definido pelas Nações Unidas em 2015. Quem chama atenção para o feito é Marcos Hecksher, da professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence) e pesquisador do Ipea, que apresenta nesta quinta-feira, o painel "Pobreza, desigualdade e desenvolvimento inclusivo", justamente tratando do ODS 8, no Seminário Diálogos sobre Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, promovido pelo Ipea.

- Os Cadernos ODS mostram piora nos indicadores de trabalho decente e crescimento econômico (ODS 8) entre 2016 e 2022, foco do relatório. A inclusão do período mais recente na análise inverte o sinal das variações, de alta para queda do desemprego e da informalidade, e de queda para alta da renda média real por hora trabalhada. Em outras metas, como a de produtividade do trabalho, no entanto, ainda precisamos avançar e reverter a queda acumulada desde 2015 - diz Heckscher, que foi um dos responsáveis pelos Cadernos ODS que embasaram o Relatório Nacional Voluntário recém-apresentado pelo Brasil à ONU e ao G20.

O professor ressalta que o Brasil está em seu piso histórico de desemprego, o que torna difícil reduzi-lo ainda mais e mantê-lo. O desafio posto agora, diz, é aumentar a produtividade:

- O aumento possível da ocupação tende agora a depender mais da expansão da taxa de participação na força de trabalho. Ainda temos espaço para ampliar mais a ocupação feminina e a expansão da população adulta ainda pode ajudar, mas o principal desafio é aumentar a produtividade de forma sustentada. Para tanto o caminho é múltiplo: investir na qualidade da formação educacional e para o trabalho; corrigir falhas alocativas de recursos concentrados em setores de produtividade baixa ou estagnada; promover a transição produtiva para uma matriz mais sustentável; entre outras frentes.

O aumento da produtividade foi classificado pelo economista Rodolpho Tobler, do FGV Ibre, em conversa com o blog nesta quarta-feira, como a chave para o desenvolvimento sustentável para economia brasileira. Só assim, explicou é possível criar um ciclo virtuoso em que mercado aquecido e aumento da renda não gerem efeitos negativos sobre a economia, como pressão inflacionária.

Mais recente Próxima 'Este é o melhor momento para o Brasil empurrar o mundo na direção certa', na área ambiental e climática, diz Winston Fritsch