Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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Informações da coluna

A mudança de comportamento do consumidor e a evolução da agenda regulatória mundo afora, levou a Confederação Nacional do Comércio (CNC) a realizar a sua primeira pesquisa sobre consumo consciente para orientar as empresas de comércio, serviços e turismo. E uma das revelações é que mais de um terço dos entrevistados disseram considerar as práticas das empresas em relação a funcionários, proteção ao meio ambiente e casos de corrupção nas decisões de consumo diárias, o que surpreendeu Felipe Tavares, economista-chefe da CNC.

- Ficou claro que as decisões que as empresas tomam da porta para dentro podem reverberar da porta para fora, em sua fatia de mercado e principalmente em imagem e reputação da marca. Entre as mulheres, 39% deixam de comprar produtos de empresas envolvidas em escândalos de desrespeito aos empregados, e 38% não compram de marcas envolvidas em fraudes ou corrupção. Os homens demonstram uma preocupação um pouco menor com esses dois quesitos: 38% e 36%, respectivamente. Quando o assunto é respeito ao meio ambiente, o volume de pessoas que deixam de comprar nesses casos apresenta percentual similar às outras práticas. Na separação por gênero, entretanto, o quesito também afeta mais mulheres do que homens: enquanto 36% de mulheres deixam de comprar de marcas com práticas nocivas ao meio ambiente, essa proporção cai para 33% entre os homens - destaca Tavares.

O objetivo da CNC com a pesquisa, a qual o blog teve acesso em primeira mão, é trazer soluções para o mercado frente aos desafios das questões climáticas, ambientais e as sociais.

- Os insights da pesquisa podem gerar uma adequação de posicionamento nas representações de meio ambiente e sustentabilidade. Por exemplo, no caso da logística reversa o estudo mostra uma oportunidade de crescimento nestes tipos de programas. Por setor, na categoria de eletrônicos, existe uma oportunidade para que os grupos “Deixo em casa guardado e vou acumulando (19%)” e “Jogo no lixo comum (14%)” migrem para a atitude de usufruir dos programas de logística reversa. O comércio é a parte da cadeia mais próxima do consumidor e é quem recebe os produtos, mas não é o responsável pela logística nem pela criação dos programas de logística reversa, o que fica a cargo da indústria. Sendo assim, o papel da CNC é fomentar que o comércio estabeleça pontos de coleta, mas sem onerar os empresários do varejo com os custos de logística e criação de programas - exemplifica o economista-chefe da CNC.

A pesquisa aponta que os brasileiros são mais conscientes do que a média global: 76% dos entrevistados consideram a sustentabilidade mais importante hoje, enquanto a média mundial é de 69%. Na comparação com os dados globais, cerca 56% dos entrevistados consideram necessário ter preços comparáveis a produtos não sustentáveis contra 46% na média apurada pela pesquisa internacional feita pela Nielsen. A rotulagem de sustentabilidade é importante para 51% dos brasileiros, contra 45% globalmente.

A pesquisa foi on-line e ouviu 1.019, em 320 cidades, sobre o consumo nos segmentos do varejo de roupas e acessórios, eletroeletrônicos, produtos de limpeza, alimentação e bebidas, higiene pessoal e beleza, lazer e turismo, bem como instituições de ensino.

Confira os principais resultados

  • Práticas sustentáveis: 94% dos entrevistados adotam práticas que combatem o desperdício de recursos, com 29% praticando moderação no consumo. As mulheres são mais propensas à sustentabilidade (96%) em comparação aos homens (61%).
  • Importância das certificações: 58% consideram certificações importantes na decisão de compra, sendo extremamente relevante para 21%. A região Norte valoriza mais as certificações (71%) em comparação ao Sul (51%).
  • Percepção de consumo consciente: A redução de poluição e o uso responsável de recursos naturais são principais preocupações para 61% dos entrevistados. Questões trabalhistas são importantes para 56% dos homens e 55% das mulheres. Um terço dos entrevistados dão preferência a pequenos produtores, evitando produtos da economia informal.
  • Atitudes sustentáveis diárias: 58% dos homens e 57% das mulheres compram produtos em refil; 49% dos homens e 53% das mulheres compram produtos reutilizáveis. Apenas 35% dos homens e 40% das mulheres separam o lixo reciclável.
  • Sustentabilidade em diferentes categorias de consumo: Em alimentos e bebidas, 25% preferem produtores locais. Em beleza e higiene pessoal, 31% priorizam embalagens recicláveis/biodegradáveis, especialmente nas classes D/E (43%). Em roupas e acessórios, 70% consertam roupas e 73% doam para caridade. Em eletroeletrônicos, 81% tentam consertar antes de descartar e 32% doam para reciclagem. Em produtos de limpeza, 48% priorizam valor financeiro e 45% consideram importantes as embalagens recicláveis.
  • Turismo e educação: No turismo, 55% consideram a sustentabilidade ao escolher destinos turísticos, com maior ênfase entre as mulheres (57%). Nas instituições de ensino, programas de combate ao preconceito e valorização da diversidade são fatores importantes na escolha.
  • Custo: O principal obstáculo para o consumo sustentável é o custo elevado aponta 51% dos entrevistados e a limitada disponibilidade de produtos (46%).

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