Nesse dia seguinte à superquarta uma notícia alivia a tensão em relação às contas públicas que tem estado presente tanto nas análises do mercado financeiro quanto nas decisões do Copom. Na prática a contenção de despesas anunciada pelo governo pode chegar a cerca de R$ 50 bilhões, revelaram as jornalistas do Valor Jéssica Sant'Ana e Lu Aiko Otta.
A coisa funciona assim: foi incluído no decreto de programação orçamentária e financeira um dispositivo que impede que os ministérios gastem tudo o que restou, além do que foi bloqueado. Há uma espécie de dosagem dos gastos. As pastas só poderão empenhar até setembro 35% desse saldo. Isso para o caso de ser necessário outro bloqueio, se houver frustração de receita. E há um item que tem frustrado, o da arrecadação do Carf.
No caso do dólar, outro ponto de pressão inflacionária, um economista com quem eu conversei considera um erro a citação feita pelo Copom no comunicado sobre a taxa de câmbio "persistentemente mais depreciada", como escrevi hoje na coluna. É que ao fazer essa análise, o Banco Central pode tornar a cotação mais alta da moeda americana uma profecia autorrealizável. A indicação de uma expectativa de dólar ascendente pela autoridade monetária faz que essa estimativa de cotação passe a entrar nas decisões de formação de preço. E já tem empresas fazendo isso, por exemplo, na área de fertilizantes.
A questão, é que segundo os economistas não há fundamentos que justifiquem o dólar subir tanto. Eles citam o fato de a balança comercial estar em seu segundo maior saldo da história, ou seja, está entrando muito dólar pelo lado do comércio. O real é hoje a pior desempenho entre as moedas emergentes, o que mostra que tem alguma coisa a mais relacionada à moeda brasileira.
De qualquer maneira, o balanço do dia de ontem é positivo porque acendeu-se uma luz no fim do túnel com a sinalização de Jerome Powell, presidente do Fed, o banco central americano, de que os juros podem cair a partir de setembro. A tendência de redução de juros nos Estados Unidos enfraquece o dólar em relação a outras moedas e o cenário para o ano que vem fica bem melhor.