Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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GERADO EM: 02/08/2024 - 10:53

Brasil e Argentina unidos diante da crise na Venezuela

Brasil e Argentina se reconciliam devido à crise na Venezuela. Milei pediu ajuda ao Brasil após expulsão de diplomatas em Caracas. Enquanto Lula errou ao minimizar eleição venezuelana, Brasil emitiu nota conjunta pedindo verificação imparcial. Estudo aponta vitória da oposição. EUA reconhecem Gonzalez. Apuração independente indica vitória da oposição. Maduro expulsou diplomatas de países contrários. Brasil acerta ao apoiar a Argentina. Disputas políticas e incertezas marcam a situação eleitoral.

O Brasil fez ontem dois movimentos importantes em relação a situação venezuelana. O primeiro foi socorrer a Argentina que ficou na terrível situação de ter seu corpo diplomático expulso de Caracas e ter na embaixada refugiados. O presidente Javier Milei pediu ajuda e o Brasil aceitou imediatamente fazer a custódia da embaixada e até uma bandeira brasileira tremulou na sede diplomática argentina. E assim, pelos caminhos da diplomacia, Brasil e a Argentina fizeram as pazes, depois de estranhamentos recentes, por causa de Nicolás Maduro. Eu conversei agora cedo com um embaixador e ele me mostrou esse estranho enredo diplomático.

O presidente argentino, Javier Milei, que é de direita, fez várias agressões verbais ao presidente Lula. Ele veio ao Brasil, não quis se encontrar com ninguém, não foi para a reunião do Mercosul e foi se encontrar com o ex-presidente Jair Bolsonaro, o que do ponto de vista diplomático, é um rompimento de todas as regrasa. O Brasil não respondeu às agressões de Milei, e ontem atendeu ao apelo da Argentina. Milei por sua vez agradeceu lembrando os laços históricos entre Brasil e Argentina. Que bom que lembrou isso. Demorou.

Maduro expulsou o corpo diplomático de todos os países que já disseram que não reconheceram a alegada vitória dele. Ao saírem os diplomatas argentinos, tanto o patrimônio quanto os opositores abrigados na embaixada ficariam expostos.

Esse fato foi importante para fortalecer o único ponto em que o governo brasileiro tem tido razão nessa questão da eleição venezuelana. O Brasil tem dito que é preciso manter diálogo com o Maduro para que se encaminhe para uma solução institucional. Quando o Brasil faz isso, ele acerta. Quando o Brasil parece querer “passar pano”para Maduro, ele erra. Errou o presidente Lula no dia anterior, ao declarar que não houve nada de anormal na eleição. Claro que houve anormalidades, tanto que o país está vivendo essa crise.

Um outro ponto de acerto do Brasil, nesta quinta-feira, foi a emissão de uma nota conjunta com outros países, depois de uma conversa entre o presidente Lula, o presidente López Obrador, do México, e o presidente da Colômbia, Gustavo Petro. Essa nota mostra que o Brasil não quer agir sozinho.

Na nota conjunta, os países pedem uma verificação imparcial da eleição venezuelana, é isso que precisa haver. O Superior Tribunal de Justiça da Venezuela, o que corresponderia ao nosso STF, disse que fará essa verificação. A questão é que o Judiciário está muito capturado pelo chavismo, o que não confere credibilidade a essa verificação. Afinal, foi esse tribunal que inabilitou María Corina Machado impedindo-a de concorrer às eleições presidenciais, depois de ela ter vencido as primárias.

Em outro extremo, os Estados Unidos reconheceram ontem a vitória de Gonzalez, a vitória da oposição na Venezuela. E isso realmente não é o melhor a fazer. É preciso encontrar uma saída institucional.

Existe uma apuraçãi independente, por amostragem, comandada pelo brasileiro Raphael Nishimura, do Instituto de Pesquisa Social da Universidade de Michigan, que analisou as atas de votações de algumas urnas, e com base nisso fez uma extrapolação que aponta a vitória da oposição por mais de 60%. Em entrevista publicada hoje na Folha de S.Paulo, Nishimura afirma que esse método é muito mais seguro do que as pesquisas de boca de urna, que também indicavam a vitória da oposição.

A ONG teve acesso a um número de urnas que não é grande, mas é representativo, no entanto, isso não é suficiente. É preciso que o governo Maduro abra todo o mapa eleitoral. Quanto mais o tempo passa, mais se criam dúvidas sobre os dados que podem vir a ser divulgados. Estamos na sexta-feira e a eleição foi no domingo e desde então, apesar da declaração da vitória de Maduro, não foram divulgados dados que sustentem esse resultado.

É uma situação realmente muito muito delicada, que terá que ser acompanhado dia a dia. Ontem o Brasil acertou.

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