Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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GERADO EM: 09/09/2024 - 16:35

Brasil discute reação diplomática à crise na Venezuela

O Brasil enfrenta dilema diplomático após Venezuela romper proteção de embaixada argentina. Maduro ameaça invadir local, desrespeitando convenções internacionais. Brasil discute reação com Lula. Possível retorno da embaixadora como resposta assertiva ao autoritarismo de Maduro.

O Brasil está na política de reagir de forma mais suave possível, tentando evitar ser um fator de complicação da crise na Venezuela. Evitar crises desnecessárias é bom, fingir que elas não se agravaram é ruim. O que aconteceu nesse fim de semana com a decisão unilateral da Venezuela de retirar a proteção brasileira dada à Embaixada Argentina é uma agressão ao Brasil, uma agressão diplomática grave.

E, além disso, seria o rompimento da Convenção de Genebra, que estabelece regras para o funcionamento das representações diplomáticas.

O país que está impossibilitado de manter o controle da sua embaixada pede a algum país amigo que assuma esse papel, relembrando que o Brasil fez isso em Londres com a representação argentina, quando havia uma guerra entre a Argentina e a Inglaterra na disputa das Malvinas, guerra essa que nosso vizinho perdeu. O Brasil assumiu a embaixada argentina em Londres. E foi uma guerra, que é o extremo do conflito. Apesar disso, nunca ocorreu qualquer constrangimento a esse papel por parte da Inglaterra, nenhuma ameaça de revogar a medida, porque assim é estabelecido nas convenções internacionais.

No fim de semana, a tensão ficou muito elevada quando pessoas armadas cercaram a embaixada, ameaçando uma iminente invasão. Se houvesse invasão, então quebrava-se o último princípio, o mais valioso princípio das convenções diplomáticas, a inviolabilidade das áreas onde funcionam embaixadas.

O Brasil falou que permanecerá no posto enquanto não for indicado um outro tutor. Pelas convenções internacionais, quem tem que indicar um outro país para tutoriar, fazer essa proteção do espaço físico da embaixada argentina, é a própria Argentina. Mas eles estão conversando com o que é aceitável para o governo Maduro, o que é mudança no princípio.

A decisão de Maduro de ameaçar invadir a embaixada claramente é porque achou que naquele espaço seria dado abrigo para o Edmundo González Urrutia.

Na verdade, o governo Maduro não gostaria de prender o Edmundo González. Então a saída de González para a Espanha também foi boa para o governo venezuelano, porque prendê-lo ao prendê-lo romperia o último ponto.

Vale lembrar que Edmundo González era um diplomata aposentado, um professor, que nunca tinha tido militância política. Ele foi escolhido por falta de qualquer outra pessoa que o regime venezuelano aceitasse na concorrência à presidência.

A essa altura, o Brasil já poderia tomar algumas decisões. Acho que depois que estiver definido quem será o novo tutor da embaixada argentina, o Brasil deveria, no mínimo, chamar de volta a embaixadora Gilvania Maria, porque essa seria uma resposta diplomática educada, porém firme. O que não pode é o Brasil permanecer sempre a reboque dos mandos e desmandos de Nicolás Maduro.

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