Os dados de emprego nos Estados Unidos vieram pouco mais fracos do que o mercado esperava. Na visão de analistas, o payroll, divulgado na manhã desta sexta-feira, eleva a probabilidade de que o banco central americano, o Fed, faça um corte mais drásticos dos juros na reunião de setembro, as estimativas migraram de 0,25 para de 0,5 ponto percentual. O cenário internacional favorece as moedas emergentes . Fora isso, há uma desaceleração da economia global que faz com o Brasil importe com preços mais bem comportados. O fato é que tudo caminha para que haja um cenário externo melhor na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) este mês, do que havia no encontro passado, explica Étore Sanchez, economista da Ativa Investimentos. Com isso, avalia, há uma possibilidade de que os juros brasileiros se mantenham estáveis, contrariando a previsão altista do mercado.
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- Eu ainda aposto que não teremos alta, visto que as condições ficaram muito melhores do que na reunião passada. Se tudo ocorrer como se espera, há a chance real de estabilidade (da Selic). O dólar caminhando para baixo, se refletindo nas expectativas de inflação, tem IPCA do dia 10. Todos são fatores relevantes na tomada de decisão - ressalta Sanchez.
Enrico Cozzolino, head de análises da Levante, também acredita na manutenção da Selic. Na avaliação do economista, um aumento de juros agora seria prematuro:
- Jerome Powell (presidente do BC americano) tem uma postura de pecar pelo excesso, por isso, não acho que haverá corte de meio ponto percentual nos juros dos EUA. É evidente que se tiver um corte maior, afeta a decisão do Copom. Os juros americanos são a segunda derivada por aqui. Mas mesmo com um corte de 0,25 pelo Fed, não acredito que o Banco Central subirá juros agora. Não acho que faça muito sentido. É uma decisão de uma dureza muito forte, querer colocar esse aperto num juro que já é elevado, que já é mais alto do que o projetado. Apertar antes da hora, numa incerteza do que vai vir à frente não é a uma postura adequada de banco central e acho que o BC teve uma postura no mandato do Campos Neto, o primeiro mandato independente no Brasil, excelente. Dado isso, minha avaliação é que corta 0,25 na próxima quarta lá fora e aqui, mantém, diante um cenário de melhora.
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Na avaliação de Cozzolino, não fosse a preocupação fiscal, o Copom poderia cortar os juros por aqui também:
- Não fosse o ruído local, a preocupação fiscal, a gente também poderia cortar em linha com o Fed.