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Portugal visto de dentro por um jornalista carioca

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Gian Amato

Jornalista há mais de 20 anos, fez diversas coberturas internacionais por O Globo. Escreve de Portugal desde 2017.

Por Gian Amato

A ministra da Saúde de Portugal, Marta Temido, pediu demissão na madrugada de terça-feira. Ela estava no cargo desde 2018 e foi uma das estrelas do combate à pandemia de Covid-19.

Após seu rosto estar diariamente nas transmissões de TV e diante da evolução positiva do combate à Covid-19, Temido chegou a ser considerada a governante mais popular do governo do premier António Costa, do Partido Socialista (PS).

Especialista em administração hospitalar, virou a face do governo que suportou as críticas nos períodos mais conturbados da pandemia. E foi uma das expressões do sucesso socialista quando o surto passou a estar sob controle.

Mas os problemas do Sistema Nacional de Saúde (SNS) ganharam evidência no verão europeu e minaram a popularidade da ministra, que chegou a ser apontada como possível sucessora de Costa na liderança do PS.

"O primeiro-ministro agradece todo o trabalho desenvolvido pela Dra. Marta Temido, muito em especial no período excepcional do combate à pandemia da Covid-19", informou o governo em nota.

A crise de mão de obra em Portugal chegou aos SNS e atingiu os médicos, sobrecarregados com horas extras de trabalho. Apesar da falta de profissionais, centenas de brasileiros esperam reconhecimento do diploma. Poderiam ser o reforço que falta.

Com a ferida da falta de mão de obra exposta, emergências dos hospitais fecharam por falta de médicos ou de vagas.

Na última terça-feira, uma mulher de 34 anos grávida precisou ser transferida do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, porque não haveria vaga na emergência neonatal para o bebê. Morreu de parada cardíaca na ambulância a caminho do Hospital São Francisco Xavier.

Na foi a primeira vez. Outra mulher grávida perdeu o bebê após entrar em trabalho de parto e encontrar fechada a emergência obstétrica de Caldas da Rainha, no centro do país.

Emergências especializadas em obstetrícia em várias cidades de Portugal fecharam. Em audiência no Parlamento, Temido admitiu falta de médicos. No início de agosto, um novo estatuto do SNS foi sancionado com advertências pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa.

A demissão de Temido é a primeira neste novo governo de António Costa. Não houve anúncio de quem irá substituir a ex-ministra.

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