Portugal Giro
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Portugal visto de dentro por um jornalista carioca

Informações da coluna

Gian Amato

Jornalista há mais de 20 anos, fez diversas coberturas internacionais por O Globo. Escreve de Portugal desde 2017.

Por Gian Amato

Mais de 40 funcionários da Swiss Dental, dirigida pelo brasileiro Jesse Lerias, denunciam atraso ou falta de pagamento e reclamam que não receberam salários ao deixar a empresa.

A maioria (90%) dos trabalhadores é brasileira e procurou o escritório do advogado João Macedo de Meneses, que atua no Porto, uma das sedes da multinacional Swiss Dental.

— Alguns voltaram para o Brasil, porque os sonhos foram vendidos lá e diziam para vir, para ganhar dinheiro — disse Meneses ao Portugal Giro.

O problema vai além, como revelou a “TVI”. A Ordem dos Médicos Dentistas de Portugal recebeu e encaminhou denúncias à Inspeção Geral das Atividades em Saúde. Há suspeitas de recrutamento de dentistas no Brasil para exercício ilegal em Portugal.

Funcionário administrativo da empresa de outubro de 2021 até dezembro do último ano, o brasileiro Giovanni Loureiro disse:

— A gente sabia dos dentistas, mas custava a acreditar.

Ele afirma que pediu demissão quando o salário começou a atrasar.

— Quando saí, faltava receber um salário, subsídios e comissões não contratuais, mas que foram combinadas em e-mails. Porém, o fecho de contas por e-mail não foi enviado e, sem contracheque, fica difícil comprovar. Tem gente em situação muito pior que a minha — declarou Loureiro.

O Portugal Giro apurou junto ao escritório de advocacia que representa os brasileiros que os dentistas eram seduzidos no Brasil por salários de € 6 mil. As informações dos denunciantes relatam que o primeiro mês era pago, depois os vencimentos caíam drasticamente para € 900 ou € 700, quando eram depositados.

Sem inscrição na Ordem portuguesa ou curso de equivalência, segundo o escritório, os brasileiros ficavam presos à empresa com a promessa de receber pouco mais de 10% do salário prometido. Como não tinham autorizações profissionais e, em muitos casos, de residência, não teriam como trabalhar oficialmente em outro consultório ou outra atividade.

Denúncias recebidas pelo escritório que representa os brasileiros revelam que a empresa tem um "núcleo duro" de dentistas formado por poucos profissionais e seriam eles que validavam com suas assinaturas os procedimentos. Mas os assistentes, segundo os advogados, não tinham habilitações específicas de odontologia.

Na área comercial, uma gerente de equipe brasileira assegura que tinha 20 funcionários sob sua coordenação. Segundo ela, não recebiam ou ganhavam os salários com atraso de até três meses.

Procurado, Jesse Lerias não respondeu às tentativas de contato por e-mail e mensagens de texto.

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