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Portugal visto de dentro por um jornalista carioca

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Gian Amato

Jornalista há mais de 20 anos, fez diversas coberturas internacionais por O Globo. Escreve de Portugal desde 2017.

Por Gian Amato

* O conceituado sociólogo português e professor da Universidade de Coimbra, Boaventura de Sousa Santos, então diretor do Centro de Estudos Sociais (CES) de Coimbra, foi apontado em um livro como um dos possíveis acusados de assédio sexual.

O texto integra uma coletânea de 12 capítulos reunidos no livro "Má conduta sexual na Academia - Para uma Ética de Cuidado na Universidade” (traduzido do inglês), publicado pela editora britânica Routledge, especializada em obras acadêmicas.

São três as ex-alunas que assinam o 12ª capítulo com a revelação de um episódio de assédio sexual que seria atribuído ao então diretor do CES. Lieselotte Viaene, Catarina Laranjeiro e Miye Nadya Tom são as autoras.

O título do capítulo é “As paredes falavam quando ninguém mais podia”, em tradução livre. Há alguns anos, um dos muros do CES foi pichado com a frase “Fora Boaventura, todas sabemos”.

Boaventura seria citado como "professor estrela". Seu braço direito, Bruno Sena Martins, chamado de "o aprendiz", também é acusado no texto.

“Uma estudante internacional de doutoramento decidiu concluir a sua pesquisa no seu país de origem em vez de na instituição. Apenas disse a outra colega a verdadeira razão da mudança: o seu supervisor, o professor estrela, tocou-lhe nos joelhos e convidou-a para aprofundar a relação como pagamento da sua ajuda acadêmica. O professor estrela já tinha setenta e muitos anos”, revelou o livro.

Na quarta-feira (12 de abril), um dia após o conteúdo do livro ser conhecido, Boaventura divulgou comunicado onde negou as acusações e afirmou que irá apresentar queixa contra as autoras por difamação.

"É um ato miserável de vingança institucional e pessoal (…) Toda a informação caluniosa que me diz respeito é anônima e assente em boatos, ou seja, em “fatos” para os quais não é oferecida nenhuma prova ou modo de chegar a ela", escreveu o sociólogo, agora diretor emérito do CES.

A denúncia fez com que o CES, que em nenhum momento é citado, abrisse uma investigação.

"Estando o CES comprometido com o tratamento diligente deste tipo de ocorrências, decidiu averiguar a fundamentação das alegações produzidas no capítulo", informou a instituição em comunicado.

*Atualizada para incluir comunicado de Boaventura de Sousa Santos.

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