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O ritmo da opinião pública

Informações da coluna

Vera Magalhães

Jornalista especializada na cobertura de poder desde 1993. É âncora do "Roda Viva", na TV Cultura, e comentarista na CBN.

Pablo Ortellado

Professor de Gestão de Políticas Públicas na USP

Por — São Paulo

Cerca de oito em cada dez brasileiros desaprovam a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro. E 43% culpam o ex-presidente Jair Bolsonaro ou grupos radicais de direita pelo episódio golpista que culminou na instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), mostra a nova edição da pesquisa "A Cara da Democracia", feita pelo Instituto da Democracia (IDDC-INCT) entre 22 e 29 de agosto.

Os atos golpistas têm respaldo de 11% da população, percentual que está próximo do que se pode considerar a base fiel do ex-presidente Jair Bolsonaro. Embora o ex-titular do Planalto negue ter insuflado seus apoiadores, ele é apontado como o principal responsável pelo episódio, mostra o levantamento. Somam 26% os que dizem que o culpado é o ex-presidente da República. E grupos radicais de direita têm culpa no cartório para 17% dos entrevistados.

Pesquisa "A Cara da Democracia" questionou sobre o 8 de janeiro — Foto: Arte / O Globo
Pesquisa "A Cara da Democracia" questionou sobre o 8 de janeiro — Foto: Arte / O Globo

Aqueles que imputam o presidente Lula ou os militares somam, respectivamente, 8% e 6% — empate técnico. "Grupos radicais de esquerda" são citados por 13% dos entrevistados, percentual considerável e que pode estar atrelado à narrativa bolsonarista de que havia infiltrados no 8 de janeiro.

Guerra de narrativa

No caso de Lula e do governo de maneira geral, o desgaste com o 8 de janeiro se deu logo após demissão do ministro Gonçalves Dias, flagrado pelo circuito interno de câmeras de segurança do Palácio do Planalto andando ao lado dos invasores sem apresentar nenhum tipo de resistência.

Depois, houve um mal-estar após o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmar que as imagens de câmeras de segurança internas da pasta foram apagadas. Segundo Dino, o contrato de prestação de serviço com a empresa responsável pela segurança da pasta — que monitora as imagens —, não prevê o armazenamento das filmagens por um longo período.

Em meio à guerra de narrativas travada entre apoiadores de Lula e Bolsonaro, há um grupo de 17% que não sabe apontar um responsável pelos atos golpistas. E 11% falam em "outros" responsáveis que não Lula, Bolsonaro, militares ou grupos radicais de esquerda e direita.

As investigações no campo jurídico continuam a se desdobrar. Na última terça-feira, a Polícia Federal deflagrou uma operação para identificar financiadores dos atos golpistas em 8 de janeiro. Segundo a PF, foi “determinada a indisponibilidade de bens, ativos e valores dos investigados” para reparar os danos causados ao patrimônio público — que podem “chegar à cifra de R$ 40 milhões”. Foram cumpridos 53 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, Santa Catarina, Tocantins, Ceará e Minas Gerais.

O estudo foi feito com 2.558 entrevistas presenciais de eleitores em 167 cidades, de todas as regiões do país, entre 22 e 29 de agosto. A pesquisa é financiada pelo CNPq e pela Fapemig e é feita pelo Instituto da Democracia (IDDC-INCT), que reúne pesquisadores das universidades UFMG, Unicamp, UnB e Uerj. A margem de erro é estimada em dois pontos percentuais para mais ou menos e o índice de confiança é de 95%.

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