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O ritmo da opinião pública

Informações da coluna

Vera Magalhães

Jornalista especializada na cobertura de poder desde 1993. É âncora do "Roda Viva", na TV Cultura, e comentarista na CBN.

Pablo Ortellado

Professor de Gestão de Políticas Públicas na USP

Por — São Paulo

A identificação dos brasileiros com a direita segue alta mesmo após derrota do presidente Jair Bolsonaro, no ano passado. De acordo com a pesquisa de opinião pública “A Cara da Democracia”, realizada pelo Instituto da Democracia (IDDC-INCT), cerca de um quinto (22%) dos brasileiros se diz de direita — o dobro daqueles que declaram fazer parte da outra laia, a da esquerda (11%).

O percentual de eleitores autodeclarados de direita viveu um boom durante o governo Bolsonaro e se mantém até aqui, mesmo com Lula tendo uma avaliação mais positiva que seu antecessor e registrando melhora na percepção sobre a economia. Para se ter ideia, em 2018, só 9% se consideravam totalmente de direita. No ano seguinte, esse número dobrou. E em setembro do ano passado, alcançou 24%, no maior patamar em cinco anos.

Posicionamento político, segundo a pesquisa "A Cara da Democracia" — Foto: Arte/ O Globo
Posicionamento político, segundo a pesquisa "A Cara da Democracia" — Foto: Arte/ O Globo

Nesta edição da pesquisa, que foi a campo em agosto, no oitavo mês de mandato do presidente Lula e quando Bolsonaro já estava inelegível, houve uma oscilação negativa de dois pontos, ainda dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

A pesquisa do Instituto da Democracia apresenta aos entrevistados uma escala de um (esquerda) a 10 (direita). O percentual dos que escolhem a nota mínima — e, portanto, são de esquerda— se manteve o mesmo em relação à pesquisa de setembro. Há, porém, uma diferença de cinco pontos percentuais se comparado com 2018, quando a Lava-Jato vivia seu auge e só 6% se diziam de esquerda.

Majoritariamente conservador

Além de uma parcela maior de pessoas de direita, o Brasil tem hoje uma população com opiniões majoritariamente conservadoras, em especial, nas chamadas pautas de costumes. Para se ter ideia, 79% são contrários à legalização do aborto e 70% se opõem à descriminalização do uso das drogas.

A pesquisa foi feita com 2.558 entrevistas presenciais de eleitores em 167 cidades, de todas as regiões do país, entre 22 e 29 de agosto. O levantamento é financiado pelo CNPq e pela Fapemig. A margem de erro é estimada em dois pontos percentuais para mais ou menos e o índice de confiança é de 95%.

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