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O ritmo da opinião pública

Informações da coluna

Vera Magalhães

Jornalista especializada na cobertura de poder desde 1993. É âncora do "Roda Viva", na TV Cultura, e comentarista na CBN.

Pablo Ortellado

Professor de Gestão de Políticas Públicas na USP

Por — São Paulo

Teoria refutada pela ciência há dois mil anos, o terraplanismo ainda tem adesão de um quinto da população, mostra a nova pesquisa “A Cara da Democracia”, feita pelo Instituto da Democracia (IDDC-INCT). Uma parcela também significativa, de 8%, não sabe responder sobre o formato do planeta.

O grupo que se nega a acreditar que o homem pisou na lua vem se mantendo em tamanho estável nos últimos três anos, apenas com oscilação dentro da margem de erro. Os negacionistas somavam 22% em 2021, depois passaram para 20% e se mantiveram no mesmo patamar este ano.

'A cara da democracia': teorias da conspiração — Foto: Editoria de Arte
'A cara da democracia': teorias da conspiração — Foto: Editoria de Arte

Nos dados mais recentes, verifica-se que há mais apelo ao terraplanismo entre pessoas menos escolarizadas. Para se ter ideia, considerando apenas aqueles que têm ensino superior incompleto, o percentual dos que consideram que a terra é plana cai para 12%.

Outra teoria conspiratória associada a apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, a crença de que o coronavírus foi criado pelo governo chinês é tida como verdadeira para praticamente metade da população (49%), mesmo percentual do ano passado, apesar da massiva campanha de conscientização promovida por especialistas, organizações internacionais e governos.

Bolsonaro insinuou, por diversas vezes, que o vírus teria sido criado pela China propositalmente. Em uma das ocasiões, o então presidente falou em "guerra química" e questionou — sem citar nomes, mas se referindo à China — qual país tinha mais aumentado o seu Produto Interno Bruto (PIB).

Na mesma toada, um quinto dos brasileiros acredita que vacinas fazem mal às crianças. A rejeição à imunização infantil é maior entre aqueles que gostam do ex-presidente (26%) e menor entre os que gostam pouco (17%). Neste tema, Bolsonaro também tem culpa no cartório: em janeiro do ano passado, ele chegou a dizer que desconhecia casos de óbitos pela doença na faixa etária de cinco a 11 anos, o que era mentira, e questionou "qual o interesse das pessoas taradas por vacina".

A convicção sobre a existência de uma conspiração global da esquerda para tomar o poder é a única que vem perdendo apelo: em 2021, 44% acreditavam nesse plano. Hoje, 35%.

O estudo do IDDC-INCT foi feito com 2.558 entrevistas presenciais de eleitores em 167 cidades, de todas as regiões do país, entre 22 e 29 de agosto. A pesquisa é financiada pelo CNPq, Capes e Fapemig e é feita pelo Instituto da Democracia (IDDC-INCT), que reúne pesquisadores das universidades UFMG, Unicamp, UnB e Uerj. A margem de erro é estimada em dois pontos percentuais para mais ou menos e o índice de confiança é de 95%.

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