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O ritmo da opinião pública

Informações da coluna

Vera Magalhães

Jornalista especializada na cobertura de poder desde 1993. É âncora do "Roda Viva", na TV Cultura, e comentarista na CBN.

Pablo Ortellado

Professor de Gestão de Políticas Públicas na USP

Por — São Paulo

O ex-presidente Jair Bolsonaro pode contar com a ajuda de 5% dos eleitores para arcar com o pagamento de multas impostas pelo Poder Judiciário, indica a nova edição da pesquisa “A Cara da Democracia”, realizada pelo Instituto da Democracia (IDDC-INCT).

O levantamento aponta que a maior parte desse contingente (3%) se diz disposta a doar até R$ 100 ao ex-presidente, enquanto um número menor afirma que daria no máximo R$ 1.000, e outros declaram disponibilidade para desembolsar quantias até superiores. Outros 2% dizem que “talvez” doariam para Bolsonaro, mas sem precisar um valor. Os que dizem que “não doariam de jeito nenhum” para o ex-mandatário totalizam 92% da população.

Os 5% que admitem a possibilidade de dar dinheiro a Bolsonaro equivalem a cerca de 7,8 milhões de brasileiros — considerando o tamanho do eleitorado atual, de 156,5 milhões de pessoas aptas a votar. Em julho, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), revelou que Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões por meio de transações de Pix entre 1° de janeiro e 4 de julho deste ano.

Parte do dinheiro recebido pelo ex-presidente foi transferido a ele a partir de campanhas de doações lançadas com o intuito de pagar multas impostas pelo descumprimento de medidas sanitárias impostas durante a pandemia de Covid-19. No mês passado, o ex-presidente foi pessoalmente a uma agência do Banco do Brasil pagar quase R$ 1 milhão referente a multas impostas pelo governo de São Paulo durante o período de emergência sanitária.

Pesquisa "A Cara da Democracia" questionou sobre o 8 de janeiro — Foto: Arte / O Globo
Pesquisa "A Cara da Democracia" questionou sobre o 8 de janeiro — Foto: Arte / O Globo

Inelegibilidade de Bolsonaro divide opiniões

A pesquisa mostra que os brasileiros se dividem em relação à decisão que declarou o ex-presidente inelegível, proferida em junho pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para 46%, a condenação de Bolsonaro foi “justa, pois ele cometeu os delitos de que foi acusado”. Outros 42% acham que a decisão foi “injusta” e que Bolsonaro “está apenas sendo perseguido por seus inimigos”. Considerando a margem de erro, estimada em dois pontos percentuais para mais ou menos, os dois grupos se equivalem.

Entre os eleitores que dizem gostar muito do ex-presidente, prevalece o discurso de que houve injustiça: 94% dos bolsonaristas avaliam assim a decisão do TSE.

A desconfiança desse grupo ecoa o discurso do ex-chefe do Executivo, que fez ataques reiterados a órgãos e decisões do Poder Judiciário, e impacta nos números gerais da avaliação dos brasileiros sobre instituições fundamentais para o país. O Supremo Tribunal Federal (STF) e a Justiça Eleitoral tiveram na pesquisa deste ano resultados piores do que em 2022.

A pesquisa "A Cara da Democracia" foi feita com 2.558 entrevistas presenciais de eleitores em 167 cidades, de todas as regiões do país, entre 22 e 29 de agosto. O levantamento é financiado pelo CNPq, Capes e pela Fapemig e é feito pelo Instituto da Democracia (IDDC-INCT), que reúne pesquisadores das universidades UFMG, Unicamp, UnB e Uerj. A margem de erro é estimada em dois pontos percentuais para mais ou menos e o índice de confiança é de 95%.

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