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O ritmo da opinião pública

Informações da coluna

Vera Magalhães

Jornalista especializada na cobertura de poder desde 1993. É âncora do "Roda Viva", na TV Cultura, e comentarista na CBN.

Pablo Ortellado

Professor de Gestão de Políticas Públicas na USP

Por — Rio de Janeiro

A mais recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira, revela parte da percepção da população brasileira sobre as ações do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no conflito entre Israel e Hamas, pauta central da política externa e da agenda global nas últimas semanas. O levantamento aponta, de um lado, que a maioria dos entrevistados entende que o Brasil erra ao não considerar o Hamas como grupo terrorista em posicionamentos oficiais e, do outro, indica que há uma percepção positiva sobre os esforços da atual gestão para o resgate de brasileiros na região.

De uma forma geral, a postura de Lula diante do conflito divide a população, ainda segundo a Quaest. Seu desempenho é avaliado como positivo por 35% e neutro por outros 31%. Já 23% o classificam como negativo, índice inferior ao percentual dos que consideram no momento o governo federal como ruim ou péssimo (29%).

O presidente tem atuado por uma negociação de paz na região. Enquanto busca retomar seu protagonismo internacional, o Brasil chegou a apresentar uma resolução no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) com uma previsão de pausa humanitária imediata. O texto, no entanto, foi vetado pelos Estados Unidos.

Coordenado pelos ministérios das Relações Exteriores e da Defesa, o esforço do governo para resgatar brasileiros na região, por sua vez, tem ampla aprovação. Ao todo, 72% consideram positivo priorizar a repatriação, enquanto 85% apoiam fornecer avião para a operação.

Além disso, o mesmo percentual de brasileiros (85%) aprova as conversas com países do Oriente Médio para facilitar o retorno de brasileiros. Até o dia 18 de outubro, a Operação Voltando em Paz, para repatriar cidadãos, somou 1.135 atendidos em voos da Força Aérea Brasileira (FAB), de acordo com balanço divulgado pelo governo.

Terrorismo

Os dados da Quaest apontam que apenas 26% dos brasileiros consideram um acerto o fato de o país evitar a classificação terrorista para se referir ao Hamas. Por outro lado, mais da metade (57%) dos entrevistados avalia a medida como um erro. Outros 17% não souberam responder.

Após os ataques do Hamas a Israel e sob pressão da oposição, o governo chegou a divulgar no dia 13 um comunicado explicando por que o país não classifica o grupo como terrorista. Embora tenha pontuado que repudia o terrorismo "em todas as suas formas e manifestações", o Ministério das Relações Exteriores declarou que segue critério estabelecido pelo Conselho de Segurança da ONU. O tema foi explorado pela base bolsonarista nas redes sociais.

Em seu primeiro posicionamento sobre o conflito, no dia 7 de outubro, Lula classificou os ataques como “terroristas”, sem citar diretamente o Hamas, o que aconteceu quatro dias depois. Na publicação, Lula pede que o Hamas liberte crianças sequestradas e que Israel cesse os bombardeios. Mais recentemente, o petista disse que o Hamas "cometeu ato terrorista" ao afirmar que isso não seria justificativa para Israel matar "milhões de inocentes".

A pesquisa revela ainda que uma parcela expressiva da população ficou sabendo sobre o ataque terrorista a Israel (90%). Há uma percepção da maioria de que Lula se dedica de forma excessiva a viagens internacionais — 55% dos entrevistados, ante 37% que consideram a presença no exterior adequada. Além disso, 60% avaliam que Lula se dedica mais do que devia à agenda internacional (27% dizem que não). Mesmo entre quem votou no petista no segundo turno das eleições, mais da metade (54%) vê foco acima do ideal na pauta.

A pesquisa Genial / Quaest fez 2 mil entrevistas presenciais, entre os dias 19 e 22 de outubro, com eleitores de 16 anos ou mais em todos os estados do país. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%.

Mais recente Próxima Pesquisa Genial/Quaest: o que explica a queda da aprovação de Lula

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