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O ritmo da opinião pública

Informações da coluna

Vera Magalhães

Jornalista especializada na cobertura de poder desde 1993. É âncora do "Roda Viva", na TV Cultura, e comentarista na CBN.

Pablo Ortellado

Professor de Gestão de Políticas Públicas na USP

Por — Rio de Janeiro

Embora mais da metade da população avalie a Polícia Militar como violenta (54%), a realização de operações policiais em morros e favelas como forma de reduzir a violência tem amplo apoio dos brasileiros. A medida foi defendida por 86% dos entrevistados pela pesquisa feita pela Quaest em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) sobre segurança pública e divulgada no último domingo pelo GLOBO. Os dados indicam que os brasileiros apoiam tanto medidas de repressão quanto preventivas como estratégias para solucionar o problema da insegurança.

O índice dos que apoiam as operações policiais nessas regiões das cidades é levemente inferior no Sudeste, onde soma 82%, e chega a 92% no Sul, maior percentual registrado entre as regiões. A pesquisa da Quaest e UFMG ouviu presencialmente 2.007 entrevistados, entre 10 e 16 de novembro, e tem margem de erro de 2,2 pontos percentuais.

Quando considerado o recorte por voto nas eleições de 2022, o levantamento mostra que os eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstram defender a medida. São 82% os que aprovam nesse segmento as operações em favelas. Entre os eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o percetual é maior e bate 92%. Já os eleitores que votaram em branco, nulo ou que não compareceram às urnas que apoiam essas operações são 83%.

Não há variação significativa entre os estratos por renda, gênero e idade. Em todos os casos, os índices superam os 80%.

Entre os entrevistados, 94% disseram ainda aprovar o uso da Força Nacional nos portos e aeroportos, 87% indicaram defender a criação de um comitê de combate à lavagem de dinheiro de milícias e do tráfico e 83% apoiam definir como regra que condenados por tráfico e por integrar milícias cumpram suas penas em presídios de segurança máxima.

A população também demonstrou apoio a medidas preventivas. São 66% os que defendem reduzir os preços de serviços como internet e gás em comunidades carentes para competir com as organizações criminosas.

Além disso, 97% concordam com a avaliação de que educar e dar mais oportunidades aos jovens é solução para a violência, enquanto 89% veem a redução da pobreza e miséria como estratégia para este objetivo. A aprovação a essas medidas é tão alta quanto o apoio a punir com leis mais rígidas (93%).

Intervenção no Rio

Mais da metade dos ouvidos pela pesquisa (57%) consideraram que o presidente Lula errou ao não colocar o Exército em favelas na crise de segurança pública do Rio. Já outros 29% defenderam que Lula acertou, 11% não souberam responder e 3% consideraram que o presidente nem acertou nem errou.

Em novembro, após o estado, governado por Cláudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro, registrar ataques a ônibus após a morte de um miliciano, o governo federal optou por uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), com uso de militares, restrita aos portos e aeroportos. Na ocasião, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, enfatizou que não haveria atuação em morros e favelas.

A intervenção nos aeroportos e portos também tem amplo apoio da população. São 88% os que aprovam a estratégia adotada pelo governo Lula.

Ainda de acordo com a pesquisa, 69% dos entrevistados não sabiam da intervenção em portos e aeroportos aos serem questionados sobre o assunto e 71% não sabiam sobre a opção de Lula em não realizar operações em favelas do Rio.

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