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O ritmo da opinião pública

Informações da coluna

Vera Magalhães

Jornalista especializada na cobertura de poder desde 1993. É âncora do "Roda Viva", na TV Cultura, e comentarista na CBN.

Pablo Ortellado

Professor de Gestão de Políticas Públicas na USP

Por — Rio de Janeiro

A população do Rio de Janeiro avalia que as milícias são tão ameaçadoras quanto o tráfico. É o que mostra uma nova pesquisa do Instituto Ideia para o GLOBO divulgada nesta quarta-feira. Questionados acerca de quem representa a maior ameaça para o estado, 37% dos entrevistados responderam temer mais as facções, enquanto 36% disseram o mesmo sobre os grupos paramilitares.

Como a margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais para mais ou para menos, as duas respostas estão em situação de empate técnico. Outros 2% afirmaram que a maior ameaça é o jogo do bicho, enquanto 25% elencaram outros tópicos ou disseram não saber.

CEO do Instituto Ideia, Cila Schulman aponta que o resultado reflete o crescimento da exposição das milícias na agenda da opinião pública nos últimos anos. A pesquisadora afirma que o Rio de Janeiro convive com uma guerra territorial entre grupos criminosos que está presente na imprensa e no dia a dia dos moradores do estado.

— Em termos de importância para a população, a milícia é historicamente mais jovem do que o tráfico. Há alguns anos, os moradores talvez não soubessem nomear ou não tinham consciência do que é uma milícia. Hoje, esses grupos paramilitares estão em todo o território do estado — diz a especialista.

Schulman avalia que a questão da segurança pública será um tema central nas eleições municipais deste ano, ainda que a área, pela Constituição, não seja de atribuição das prefeituras, que não contam com polícias ou poder de investigação. Ela prevê que os candidatos à prefeitura do Rio serão pressionados a apresentar propostas com soluções para o problema da criminalidade:

— A segurança é uma temática que esteve muito presente na eleição de 2018 pelo fato de ela ter ocorrido logo após uma intervenção federal no Rio. Esta pauta perdeu força no ciclo eleitoral seguinte, mas retornou à agenda nos últimos meses pelo acirramento da guerra entre o tráfico e a milícia. O ápice foi o dia da queima de ônibus em outubro do ano passado.

O instituto ouviu homens e mulheres maiores de 18 anos residentes no estado do Rio de Janeiro. Foram realizadas mil entrevistas entre os dias 24 e 26 de janeiro de 2024. O intervalo de confiança do levantamento é de 95%.

O contato com os entrevistados ocorreu via aplicativo de celular, com a utilização de um questionário elaborado de acordo com os objetivos da pesquisa. A amostra é representativa e equilibrada de acordo com o perfil dos moradores do estado.

Corrupção

A pesquisa indica também que um quinto da população (21%) avalia que os políticos do Rio de Janeiro são mais corruptos do que os de outros estados. Metade (50%) dos entrevistados respondeu que eles são tão corruptos quanto os outros, enquanto 6% disseram acreditar que são menos. Já 23% não souberam responder.

Na avaliação da CEO do instituto, os dados remetem à sequência de governadores fluminenses presos nos últimos anos e indicam a persistência da piora na percepção dos políticos no cenário nacional desde a Lava Jato.

— O dado é bastante forte por mostrar a convicção da população de que existe corrupção entre os políticos do Rio de Janeiro — aponta Schulman.

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