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O ritmo da opinião pública

Informações da coluna

Vera Magalhães

Jornalista especializada na cobertura de poder desde 1993. É âncora do "Roda Viva", na TV Cultura, e comentarista na CBN.

Pablo Ortellado

Professor de Gestão de Políticas Públicas na USP

Por — Rio de Janeiro

A nova rodada da pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (6), traz notícias preocupantes para o Planalto. O levantamento indica que as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Israel derrubaram a avaliação do petista a seu nível mais baixo na terceira gestão. A pesquisa aponta também que a percepção geral sobre o governo piorou e chegou a um empate técnico entre positivo e negativo.

Em relação à pesquisa anterior, em dezembro, a aprovação do presidente recuou de 54% para 51% e a desaprovação avançou de 43% para 46%. A distância entre os grupos que aprovam e desaprovam o trabalho do chefe Executivo federal era de 11 pontos percentuais, margem que agora baixou para apenas cinco pontos.

Aprovação do trabalho que o presidente Lula está fazendo — Foto: Quaest
Aprovação do trabalho que o presidente Lula está fazendo — Foto: Quaest

Já a avaliação negativa do governo subiu cinco pontos percentuais (34%) e encostou na positiva (35%). Como a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, há empate técnico. A distância entre os grupos que aprovam e desaprovam a gestão petista que era de sete pontos percentuais na pesquisa anterior, baixou para apenas um. Outros 28% avaliaram o governo Lula como regular.

Avaliação geral do governo Lula — Foto: Quaest
Avaliação geral do governo Lula — Foto: Quaest

A pesquisa da Quaest foi contratada pelo banco Genial e entrevistou pessoalmente 2 mil brasileiros de 16 anos ou mais em todos os estados do país, entre 25 e 27 de fevereiro. A margem de erro é estimada em 2,2 pontos percentuais para mais ou menos, para um nível de confiança de 95%.

Avaliação econômica e regional

A percepção sobre a economia também influenciou negativamente a avaliação do governo. Entre os entrevistados, 38% responderam que a economia piorou nos últimos doze meses, um avanço de sete pontos percentuais. Houve uma queda de oito pontos entre os que dizem ter havido uma melhora no período (26%).

Avaliação econômica — Foto: Quaest
Avaliação econômica — Foto: Quaest

Segundo a pesquisa, entre os que votaram em branco, anularam seu voto ou não compareceram às urnas, 38% enxergam piora na situação econômica, com alta de seis pontos percentuais sobre a pesquisa anterior. O crescimento do preço dos alimentos — percebido por 73% dos entrevistados — é a principal explicação deste cenário.

A Quaest destaca que a queda na aprovação também acontece, ainda que de forma menos acentuada, entre as mulheres — eleitorado que tradicionalmente apoia o presidente. Ao questionar se o eleitor percebe que o governo se preocupa com ele, a pesquisa encontrou um empate: 48% dizem que sim, 48% dizem que não.

Rejeição entre evangélicos

O presidente entra em seu segundo ano de governo com uma piora na avaliação dos evangélicos, que respondem por 30% do eleitorado brasileiro. O trabalho de Lula é reprovado por 62% dos eleitores deste segmento religioso e aprovado por 35%.

Apesar de acenos de aproximação, como o aval para a Câmara avançar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que amplia a imunidade tributária para igrejas, o governo é ainda avaliado negativamente por 48% dos evangélicos (avanço de 12 pontos percentuais sobre dezembro). Por outro lado, 22% classificam a gestão como positiva (recuo de cinco pontos percentuais).

Declaração sobre Israel

A fala do presidente que compara as ações de Israel em Gaza ao que Hitler fez contra os judeus durante a Segunda Guerra foi considerada exagerada por 60% dos entrevistados e 69% dos evangélicos.

— O que está acontecendo na Faixa Gaza não existe em nenhum outro momento histórico, aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus — afirmou Lula durante entrevista a jornalistas no hotel em que Lula ficou hospedado em Adis Abeba, a capital da Etiópia.

A pesquisa também revelou que a opinião dos brasileiros sobre Israel despencou desde o ataque do Hamas, em 7 de outubro de 2023. No início do conflito, 52% dos entrevistados tinham opinião favorável a Israel; 27% tinham opinião desfavorável, e 21% não sabiam ou não responderam.

Em fevereiro de 2024, o índice de entrevistados que possuem opinião favorável a Israel caiu para 39%, enquanto a percepção desfavorável avançou para 41%. Os que não sabem ou não responderam são 20%.

A pesquisa também avaliou que 48% dos entrevistados acreditam que o governo de Israel não exagerou ao considerar Lula persona non-grata, enquanto 41% acreditam que houve exagero, 11% não sabem ou não responderam.

Mais recente Próxima Pesquisa Genial/Quaest: atuação de Moro na Lava-Jato divide brasileiros, e ex-juiz tem avaliação mais negativa que operação

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