Houve pouca variação no índice de confiança das principais instituições do país em 2024, na comparação com o ano anterior, de acordo com os dados da nova edição da pesquisa “A Cara da Democracia”, do Instituto da Democracia (IDDC-INCT). As igrejas seguem na liderança do ranking entre as que tiveram a avaliação testada, com 77% de confiança dos brasileiros em diferentes graus — do total, 39% afirmam “confiar muito” —, enquanto os partidos políticos se mantêm na lanterna — apenas 5% "confiam muito" nas legendas, e outros 45% confiam "mais ou menos" ou "pouco" nelas.
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Embora estejam no topo do ranking, as igrejas registraram recuo no percentual de plena confiança nelas pelo segundo ano consecutivo. No ano passado, 42% diziam confiar muito nelas, índice que era de 44% em 2022. Já o contingente que não confia nessas instituições passou de 19%, no ano passado, para os atuais 22%. As oscilações estão na margem de erro geral da pesquisa, estimada em dois pontos para mais ou menos, e as taxas atingidas se igualam ou até superam às do período entre 2018 e 2021.
Já os partidos políticos geram desconfiança em 49% dos entrevistados. Esse percentual era de 48% no ano passado, mas já foi 78% em 2018.
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Movimento semelhante ocorreu com o Congresso, que viu o percentual de brasileiros que dizem não confiar no Legislativo cair de 58%, há seis anos, para os atuais 41%. Esse índice, porém, já foi menor em anos recentes. Em setembro de 2022, os que não confiam no Congresso atingiram o menor patamar (38%) e desde então passaram a oscilar para cima, indicando tendência de alta.
Forças Armadas e STF
Os que confiam muito nas Forças Armadas, por sua vez, tiveram variação positiva. O indicador registrou recuos seguidos nos últimos anos, em meio à associação do Exército, Marinha e Aeronáutica ao governo de Jair Bolsonaro (PL). O índice passou de 20%, em 2023, para 22%, em alteração na margem de erro.
O percentual ainda está aquém do verificado ao longo da série histórica. Em 2018, antes da posse de Bolsonaro, chegavam a 31% os que confiavam muito nos militares. Já o grupo dos que não confiam na instituição oscilou de 30% para 29%.
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O Supremo Tribunal Federal (STF), que também registrou alta na desconfiança ao longo do governo Bolsonaro, em meio a ataques do ex-presidente e embates com outros Poderes, desperta "muita confiança" em 15% (eram 14% em 2023), enquanto 45% afirmam confiar "mais ou menos" ou "pouco" na Corte. Já os que não confiam são 37% (eram 36% no ano passado). Esse índice já foi maior, de 43% em 2021.
Já a taxa de desconfiança da Justiça Eleitoral passou de 31% para 32% no ano das eleições municipais, enquanto os que dizem "confiar muito" nessa instituição recuaram de 25% para 23% no mesmo período.
A pesquisa "A Cara da Democracia" foi feita com 2.536 entrevistas presenciais de eleitores em 188 cidades, de todas as regiões do país, entre 26 de junho e 03 de julho. O levantamento é financiado pelo CNPq, Capes e Fapemig. O IDDC-INCT reúne pesquisadores das universidades UFMG, Unicamp, UnB e Uerj. A margem de erro é estimada em dois pontos percentuais para mais ou menos e o índice de confiança é de 95%.
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