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O ritmo da opinião pública

Informações da coluna

Vera Magalhães

Jornalista especializada na cobertura de poder desde 1993. É âncora do "Roda Viva", na TV Cultura, e comentarista na CBN.

Pablo Ortellado

Professor de Gestão de Políticas Públicas na USP

Por — Rio de Janeiro

RESUMO

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GERADO EM: 10/07/2024 - 09:20

Opiniões de Lula sobre o Banco Central

Pesquisa Genial/Quaest mostra que 66% dos brasileiros concordam com as críticas de Lula ao Banco Central. Ele também defende aumento do salário mínimo e critica a alta taxa de juros. Lula foca as críticas em Campos Neto e reafirma compromisso com a responsabilidade fiscal após turbulências no mercado.

As críticas feitas nas últimas semanas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Banco Central foram bem vistas pela maior parte da população, de acordo a nova pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira. Dois terços dos entrevistados (66%) responderam concordar com as afirmações de Lula contrárias à política de juros da instituição, enquanto 23% discordam e 11% não sabem ou não responderam. Apenas 34%, no entanto, afirmaram ter ficado sabendo das críticas ao Banco Central.

A aprovação das falas do petista foi alta tanto entre seus apoiadores quanto em relação a eleitores de Jair Bolsonaro. Entre os entrevistados que votaram no presidente, 77% concordaram com as críticas feitas a alta de juros e 66% dispensaram a possibilidade de que as falas do presidente tenham sido a principal razão pela alta do dólar. Somente cerca de 16% de apoiadores do presidente nas últimas eleições discordaram de suas afirmações relacionadas ao Banco Central, e 8% não souberam responder.

O posicionamento do petista diante da decisão do Copom de manter a taxa básica de juros a 10,50% também foi bem vista entre apoiadores de Jair Bolsonaro. A maioria daqueles que votaram no ex-presidente também concordou com apontamentos de Lula contrários a atuação do Banco Central (51%), 36% discordam e 13% não souberam responder.

Os entrevistados também corroboram as falas recentes do presidente de que salários deveriam subir acima da inflação (90%), que juros no Brasil são muito altos (87%) e carnes consumidas pelos mais pobres deveriam ser isentas de impostos.

Crise entre Lula e o Banco Central

Depois de um esforço de convencimento por parte de seus auxiliares, a estratégia do Palácio do Planalto foi mudar o alvo dos ataques. Lula passou a dar mais entrevistas nas últimas semanas, e centralizou as críticas no presidente do BC, Roberto Campos Neto, sob o argumento dele ter sido indicado por Bolsonaro na gestão anterior.

Lula subiu o tom contra Campos Neto após ele se reunir com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aliado de Jair Bolsonaro e um dos nomes da direita para concorrer à Presidência em 2026. Na ocasião, segundo o jornal Folha de S.Paulo, o presidente do BC disse que aceitaria ser ministro da Fazenda em um eventual governo de Freitas.

Após esse acontecimento, o petista concedeu sete entrevistas em duas semanas a mídias de diferentes estados. As conversas foram marcadas por críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a taxa básica de juros em 10,5% ao ano. Com a alta do dólar, o presidente recuou novamente e passou a reafirmar o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal.

A pesquisa Genial/Quaest ouviu 2.000 pessoas de 16 anos ou mais no período de 5 a 8 de julho. Foram realizadas entrevistas presenciais em 120 municípios. A margem de erro é estimada em 2 pontos percentuais para mais ou menos, para um nível de confiança de 95%.

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