Renata Agostini
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Renata Agostini

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Renata Agostini

Repórter especial em Brasília e colunista do GLOBO. Formada em jornalismo pela UFRJ, passou pelas redações de Folha, Estadão, CNN, Exame e Veja.

Por — Brasília

A desconfiança dos ruralistas em relação à disposição do governo de se aproximar do agronegócio aumentou com a chegada do "Abril Vermelho", mês no qual o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) promove uma série de invasões.

Para o deputado Pedro Lupion (PP-PR), presidente da poderosa bancada do agronegócio, a depender de como forem as próximas semanas, o Palácio do Planalto pode "colocar tudo a perder".

— Não adianta fazer discurso que quer se aproximar, fazer jantarzinho com o agro, se o MST estiver mandando no governo — diz o parlamentar, que comanda a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). — Cada um controla os seus aliados.

O deputado refere-se aos esforços recentes do governo de construir pontes com parte do setor. O presidente Lula tem feito churrascos na Granja do Torto com ruralistas e empresários do agronegócio.

Ao mesmo tempo, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, vem se empenhando em aumentar a interlocução com a cúpula da bancada enquanto negocia formas de o governo socorrer produtores que sofreram prejuízos com eventos climáticos.

Mais recentemente, o governo também atuou para agradar o segmento com o esforço para aprovar projeto de lei do "Combustível do Futuro", que beneficia produtores de biocombustíveis.

Lupion reconhece que são movimentos positivos por parte do governo, mas argumenta que eles ainda não demonstram uma mudança de postura em relação aos ruralistas. Ele usa como exemplo decisões recentes de Lula de vetar leis que beneficiam o agro e que haviam sido negociadas com os líderes do próprio governo, como a Lei dos Agrotóxicos.

— O relator era do PT. Tudo acordado. Aí o presidente vai lá e veta. Qual é o jogo? O presidente escolhe se posicionar contra o agro. Aí não adianta nada fazer almoço, fazer churrasco — afirma.

Segundo ele, o governo insiste em não ter base de sustentação porque não consegue formar um posicionamento claro em muitos temas, incluindo em relação ao agro. Para Lupion, Lula age como se ainda estivesse na disputa eleitoral.

— Independentemente da ideologia que tenha uma parte majoritária dos produtores rurais ou do posicionamento politico que eles tenham, é uma parte importante da economia que precisa ser respeitada.

Ele diz que o ministro Carlos Fávaro é "um grande produtor rural" e que entende do setor. Mas afirma que o chefe do Ministério da Agricultura encontra barreiras dentro do próprio governo.

— Ele tem conhecimento muito claro das demandas do agro. Nos próprios temas vetados por Lula, ele votou conosco. Agora, ele é ministro do governo do PT — afirmou. — Ministro da Agricultura não tem que agradar a Esplanada. Ele tem que atender ao setor.

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