Saideira
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Mostramos para vocês as melhores pedidas de programas no Rio de Janeiro.

Informações da coluna

Marina Gonçalves

Do subúrbio à Zona Sul, do rock ao samba, da praia ao boteco, não importa: o Rio é o meu lugar. Com saideira, de preferência.

Cláudia Meneses

Cláudia Meneses é uma jornalista apaixonada por vinhos, caminhadas e o Rio de Janeiro. É sommelière pela ABS-RJ e nível 2 da Wine & Spirit Education Trust.

Por Cláudia Meneses

Foi uma vinícola argentina com menos de 30 anos de fundação que criou um vinho que arrebatou o crítico britânico Tim Atkin e conquistou 100 pontos no relatório de 2023. O vinho perfeito é o Jardín de Hormigas Los Amantes 2021. Atkin cita um dos fundadores da bodega Altos Las Hormigas, o italiano Alberto Antonini, considerado um dos maiores enólogos do mundo, para descrever a parcela de Paraje Altamira, em Mendoza, de onde vieram as uvas: “Vinhas jovens podem dar volume e complexidade".

Atkin destaca que “esse impressionante Malbec vem de um terreno de um hectare que o viticultor Pedro Parra justificadamente descreve como um Grand Cru. Perfumado e sedutor, com pétalas de rosa e notas de violeta, framboesa pura, sabores de morango silvestre e romã, taninos em camadas, muito pouco carvalho e um final que perdura como a última nota de um grande quarteto de cordas. Esplêndido”.

Os vinhos argentinos Jardín de Hormigas Los Amantes e Jardín de Hormigas Meteora — Foto: Divulgação
Os vinhos argentinos Jardín de Hormigas Los Amantes e Jardín de Hormigas Meteora — Foto: Divulgação

— Esse é um bom princípio, é o princípio de uma grande evolução no vinho argentino. Acho que, se continuarem as buscam de vinhos de lugar, de textura, de pureza, vão ser muito mais 100 pontos em todo o país. Tenho certeza que será assim — aposta o diretor de enologia de Altos Las Hormigas Federico Gambetta, em rápida visita ao Rio para apresentar vinhos da marca.

O enólogo argentino Federico Gambetta — Foto: Divulgação
O enólogo argentino Federico Gambetta — Foto: Divulgação

Gambetta conta que foram produzidas apenas 4 mil garrafas de Los Amantes e apenas 350 virão para o Brasil em setembro, trazidas pela World Wine. O preço deve ficar em torno de R$ 1 mil. Ele explica que Altos Las Hormigas está focada em produzir vinhos de prazer:

— Vinhos que estão centrados na textura, na drinkability e em viver um momento. Um vinho fácil de beber com grande pureza, que é hoje o centro da vinícola. Essa busca me parece fundamental. Antes, falamos de elegância, mas acho que elegância é um tema muito geral. Se você usa Prada ou Armani, ainda pode ser elegante. Por outro lado, pureza é o terno feito sob medida, a coisa exata. E procuramos vinhos que sejam assim. Em tudo isto vem a procura da pureza, da drinkability, do sentido do lugar, de pertencimento a esse lugar.

Gambetta compara o trabalho enológico da marca a um crescendo, como na música:

— Do terroir, o que damos foco é o solo. O solo se transmite na boca. É na boca onde está todo o solo: as pedras, os perfis. Nossa enologia não grita. É mais de um perfil baixo que vai crescendo pouco a pouco, como um crescendo italiano. Vai aos poucos mostrando-se, abrindo-se. Não é um leão que quer comer tudo. Está em todo nosso portfólio e em suas diferentes matizes.

Vinhedo de Altos Las Hormigas no outono — Foto: Divulgação
Vinhedo de Altos Las Hormigas no outono — Foto: Divulgação

Na essência dessa bodega mendoncina também está o cuidado com a sustentabilidade, com a produção de vinhos em sua maioria orgânicos, à exceção dos elaborados com uvas compradas de viticultores.

— Nossas vinhas são todas orgânicas. Hoje estamos a caminho da certificação de agricultura regenerativa. Deixamos de procurar fazer o melhor vinho do mundo. E procuramos fazer o melhor vinho para o mundo. E aí tudo muda porque não podemos fazer um bom vinho a qualquer custo. Mas pensando muito no meio ambiente, em dar algo de volta para o ciclo. A nossa ética e a nossa alma são fazer vinhos com um grande background social e um grande background ambiental. E pensamos em devolver algo ao solo e mantê-lo vivo. Isso transmite uma vibração especial aos vinhos após as taças.

Os cuidados tomados nos vinhedos passam por rejeição a herbicidas, prática de compostagem do solo, entre outros:

— Fazemos medições da biodiversidade do solo. Temos ervas que plantamos no meio dos vinhedos no inverno e no verão. Elas ajudam a manter e proteger a umidade e a aeração do solo. E também para adicionar matéria orgânica mais tarde no ciclo. E, é claro, não adicionamos nenhum tipo de herbicida.

Até o nome de Altos Las Hormigas se conecta com a filosofia da vinícola:

— No início, quando plantamos os vinhedos, havia muitas formigas lá e até hoje há. Por isso se chama Altos Las Hormigas. Essas formigas fazem parte da biodiversidade. E, se falamos de biodiversidade, não podemos escolher o que ter de biodiversidade. Devemos respeitá-la e assumir que são nossas vizinhas, nossas formigas — detalha Gambetta.

Especialistas em Malbec

Também elaborado com Malbec, o Meteora Jardín de Hormigas 2021 é um lançamento, que chegará ao Brasil no fim de setembro, em torno de R$400. Ele também foi produzido com uvas de Paraje Altamira e obteve 97 pontos de Tim Atkin.

— Meteora é o novo lançamento da vinícola, que vem junto com o vinho 100 pontos, o Los Amantes. O que se busca é o lugar, acima da variedade. Queremos textura, gastronomia, com um vinho que é explosivo. Um vinho que, às cegas, não se parece com Malbec. É o vinho de que mais gosto. Com relação aos Amantes, a diferença é que são três parcelas juntas. As uvas dos Amantes vêm apenas de uma parcela.

Uvas Malbec da Altos Las Hormigas — Foto: Reprodução
Uvas Malbec da Altos Las Hormigas — Foto: Reprodução

Já o Altos Las Hormigas Appelation Paraje Altamira 2020 (R$422) já se vende no Brasil há alguns anos. Amadureceu 18 meses em barricas de carvalho francês e depois ficou 12 meses em garrafa. Recebeu 95 pontos Robert Parker e 94 Descorchados.

— É um vinho 100% Malbec orgânico de uma finca que se divide com todo tipo de solo. Altamira está a 1.200 metros acima do nível do mar. Teve 98 pontos de Tim Atkins.

Altos Las Hormigas: vinícola com práticas sustentáveis — Foto: Divulgação
Altos Las Hormigas: vinícola com práticas sustentáveis — Foto: Divulgação

Federico Gambetta afirma que os três são vinhos de alta pontuação, mas esse não é o foco:

— Nossa busca é outra, é por um vinho de prazer, orgânico e sustentável. O resto é consequência. É um Malbec diferente. Estamos acostumados a beber Malbecs com muita madeira, muita extração e muito álcool. O mundo pede outra coisa, pede para comer com esse tipo de vinho, para que os pratos do restaurante sejam acompanhados com isto. Fazemos vinho que está em garrafas que esvaziam rapidamente.

Outras linhas

A vinícola elabora também o Altos Las Hormigas Malbec Terroir Vale de Uco 2019 (R$149). Ele obteve 93 pontos do Guia Descorchados, 92 de Robert Parker e 92 pontos de James Suckling.

— É um vinho versátil. Que se toma sozinho ou com comida. Tem 13,5% de álcool. É baixo para a Argentina, que tem média de 14,5%. No passado, os vinhos tinham 15% de álcool e eram muito extraídos. Tem uma acidez natural. A extração é mínima. Quase um saquinho de chá.

Altos Las Hormigas é fundada por um dos maiores enólogos do mundo, Alberto Antonini — Foto: Divulgação
Altos Las Hormigas é fundada por um dos maiores enólogos do mundo, Alberto Antonini — Foto: Divulgação

Gambetta explica que o Altos Las Hormigas Malbec Reserve 2020 (R$268) também tem extração suave e, assim como anterior, tem amadurecimento semelhante ao que se faz na Borgonha: menos tempo na adega e mais tempo na garrafa.

— O Reserve passa sete meses e meio em cimento e sete meses e meio em foudres, recipientes grandes de carvalho francês de 3,5 mil litros. Depois ainda amadurece 12 meses em garrafa. Tem mais volume de boca.

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