Saideira
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Saideira

Mostramos para vocês as melhores pedidas de programas no Rio de Janeiro.

Informações da coluna

Marina Gonçalves

Do subúrbio à Zona Sul, do rock ao samba, da praia ao boteco, não importa: o Rio é o meu lugar. Com saideira, de preferência.

Cláudia Meneses

Cláudia Meneses é uma jornalista apaixonada por vinhos, caminhadas e o Rio de Janeiro. É sommelière pela ABS-RJ e nível 2 da Wine & Spirit Education Trust.

Por Cláudia Meneses

Com família ligada à vinha e ao vinho há mais de 800 anos, o agrônomo espanhol Carlos Moro decidiu criar, em 1988, uma vinícola e elaborar um vinho de excelência na Ribera del Duero, um terroir já conhecido pela qualidade de marcas de prestígio mundial como a Vega Sicilia. Logo com a primeira safra, a de 1994, a Matarromera conquistou a grande medalha de ouro na International Wine Competition, com o Matarromera Crianza.

— Toda a minha família era agricultora e viticultora, e tínhamos adegas antigas. Decidi fazer o melhor vinho da Espanha e do mundo. Além de agricultor, sou agrônomo, especialista em tecnologia, economia, viticultura e empresário. Escrevi livros sobre gastronomia e vinhos. E tive a sorte de poder contar com companheiros que sabiam muito sobre vinho. Tudo foi selecionado. Da vinha aos barris. E foi assim que Matarromera se estabeleceu. A primeira safra foi em 1994, e o vinho ganhou muitas competições em 1995. Foi o primeiro vinho espanhol a conquistar uma grande medalha de ouro — destaca Moro.

O premiado produtor Carlos Moro, da Matarromera — Foto: Divulgação
O premiado produtor Carlos Moro, da Matarromera — Foto: Divulgação

O Matarromera Crianza, importado pela Grand Cru, é feito com a estrela espanhola Tempranillo, chamada na região de Tinto Fino, com 12 meses em barricas americanas e francesas e mais 12 em garrafa. Os aromas são de frutas negras maduras e especiarias como cravo e alecrim. A Tempranillo se adapta bem ao clima continental da região, com invernos frios e verões quentes.

— O que você vai encontrar com Matarromera? Excelência em todos os tipos de vinho. E distinção. Porque nesta terra, nesta zona, os vinhos são elegantes, com muita personalidade. Na Ribera del Duero, estamos em Valbuena de Duero, no coração. O solo tem muito calcário. O clima é muito severo: gelado no inverno e extremamente quente no verão. Há muita amplitude térmica. São 8 graus, 10 graus à noite. De dia, 30 graus, 40 graus. São mais de 20 graus de diferença.

Tempranillo: estrela dos vinhos Matarromera — Foto: Divulgação
Tempranillo: estrela dos vinhos Matarromera — Foto: Divulgação

O enólogo classifica a Ribera del Duero como uma região “especialmente dura em termos de temperaturas, clima e pouca chuva”:

— Mas, no final, dá uvas de qualidade extraordinária para vinhos com cor e força. São elegantes, com taninos muito trabalhados, redondos. Não é áspero, não é nada crítico. É amigável, integrado. Apesar de ter muito boa estrutura, é fácil de beber.

Moro explicou que, após ser considerado o melhor vinho do mundo, a demanda pelo vinho cresceu exponencialmente:

— Quando Matarromera Crianza, em 95, ganhou o prêmio de melhor vinho do mundo, então o melhor vinho da Espanha, a procura era infinita. Mas a questão não é volume, é qualidade. Para fazer um vinho de qualidade, as uva tinha que vir de certos vinhedos, de uma determinada zona, com uma certa qualidade, usando certos equipamentos e barricas. Você não pode fazer tudo o que deseja, apenas o que esse nível permite. A gente foi crescendo aos poucos, para equilibrar tudo isto à terra, à vinha, à vindima, às uvas, à produção, ao envelhecimento, à tecnologia.

Outros vinhos

O Matarromera Blanco Fermentado também está sendo vendido no Brasil. Ele é produzido com a uva Verdejo em outra Denominação de Origem espanhola: Rueda. É um branco com corpo e estrutura, com uma produção muito pequena, de apenas 3 mil garrafas. Tem grande potencial de guarda porque passa por barricas. Combina com queijos, embutidos, frutas secas, mariscos e peixes.

— É um estilo da Borgonha. Não é um vinho fresco, jovem. É um vinho de guarda, de altíssimo nível. Poucas garrafas são feitas: 2.500, 3.000. É muito exclusivo — descreve Moro.

A vinícola espanhola Matarromera — Foto: Divulgação
A vinícola espanhola Matarromera — Foto: Divulgação

O Matarromera Reserva também é feito com Tempranillo, de vinhedos com mais de 25 anos da Ribera del Duero, a 750 metros de altitude. Tem aromas de amoras e cerejas, além de toques minerais, de cacau e especiarias. Na boca, apresenta taninos sedosos, notas de frutas pretas maduras, chocolate, couro e nuances sutis de baunilha. Vai bem com churrasco, pratos picantes.

— Na Ribera del Duero, a Tempranillo, é chamada de Tinto Fino. A expressão fenólica é um pouco diferente de Tempranillos de outras áreas. O vinho tem mais cor. E aqui usamos vinhas um pouco mais velhas, para que se tenha mais concentração. Com essa concentração, você tem mais estrutura, que vai permitir terminar mais tempo de envelhecimento.

Já o Matarromera Gran Reserva só vai para o mercado após seis ou sete anos da colheita das uvas, que passam por um triplo processo de seleção. Primeiro, no vinhedo, depois dos cachos e, por fim, bago a bago.

— Tem uma cor um pouco mais intensa, viva, linda. Tem maior extrato, mais corpo. Tem uma grande riqueza de sabores e aromas.

Carlos Moro destaca que o Reserva e o Gran Reserva possuem uma capacidade de guarda é muito alta.

— Você pode tomar agora, que estão fantásticos, mas pode guardar na adega. Se forem bem conservados, em 20 anos estarão melhores. Logicamente, ganharão outros aromas, vão evoluir. Mas os grandes vinhos do mundo, franceses, espanhóis e italianos, são aqueles que no tempo não só evoluíram, mas que evoluíram positivamente. Foram adquirindo categoria com a idade.

Já o Matarromera Prestigio nasceu da vontade de se produzir um vinho único, com duplo amadurecimento. O projeto conta com a participação do premiado enólogo francês Claude Gros:

— No ano de 1998, eram valorizados vinhos com mais extrato. Eram chamados de vinhos de alta qualidade, com muita cor e intensidade. É um vinho muito interessante, que mantém esse perfil. Tem muita estrutura, mas com personalidade, elegância, elegância, distinção e excelência. Aqui, incorporo o trabalho de um colega francês, Claude Gros, que tem vinhos avaliados com as notas mais altas nas revistas. O vinho resultante foi excelente.

O tinto Matarromera Prestigio — Foto: Divulgação
O tinto Matarromera Prestigio — Foto: Divulgação

Carlos Moro diz que o Matarromera Prestigio usa uvas de alto padrão selecionadas manualmente:

— São 38 mulheres que selecionam e colhem as melhores frutas manualmente. A seleção é grão por grão. Primeiro no campo, depois os cachos, e depois cada grão à mão. Sempre fomos pioneiros, agora há mais que fazem isso. E o protocolo de preparação é diferente. Colocamos o vinho em barricas novas americanas durante nove meses, depois nove meses em barricas novas francesas. O resultado é magnífico. Ele obteve pontuações altíssimas nos guias e revistas internacionais.

Já o Matarromera Pago Solanas 2010 recebeu 97 pontos do Guia Gourmets e 95 pontos Robert Parker. É feito com uvas de uma parcela de 1,10 hectare do Pago de las Solanas, com solo calcário e excelente exposição ao sol e a ventos:

— O Pago de las Solanas é feito com as melhores uvas de apenas uma parcela. Não fazemos quando a safra não é boa, se houve geada, granizo, alguma enfermidade. Começamos a produzi-lo em 1998, quando o Claude Gros veio. Ele também participa desse projeto como consultor, vem a cada dois meses. Provamos os vinhos e definimos como fazê-lo. Por exemplo, é fundamental ver quais parcelas vamos fazer este ano, para que seja a melhor. É fundamental ver se esta elaboração, independente e separada, dará ou não o nível de um grande Pago de Solanas. Se você der, não será feito. Talvez possa ser um Matarromera Prestigio, mas não a excelência e exclusividade do Pago de Solanas. Desde 98, só houve quatro edições — explicou Moro, acrescentando que há outros que estão em sendo elaborados, ainda não estão no mercado.

Os vinhedos da Matarromera na Ribera del Duero — Foto: Divulgação
Os vinhedos da Matarromera na Ribera del Duero — Foto: Divulgação

Moro afirma que o Pago de Solanas é um vinho que surpreende:

— É um vinho raro, que surpreende, que te emociona. Que te faz dizer: Uau, o que estou tomando aqui? Que cor, que aromas! Que riqueza de sabores. Há um equilíbrio de todos os fatores.

A Matarromera é considerada uma das empresas vinícolas de maior sucesso na Espanha, com 11 adegas e presença em sete Denominações de Origem. Em 2006, a Wine and Spirits a incluiu no top 100 dos projetos vitivinícolas mais importantes do mundo. A safra 1994 do Matarromera foi servido, em 2004, no janetar de casamento do então príncipe Felipe e Letizia Ortiz.

— O maior desafio hoje é, primeiro, manter o que temos. O mais fácil é sempre chegar a um ponto e pensar que já chegou se descansar sobre os louros. Grandes vinícolas são ótimas vinícolas quando passam cem anos produzindo vinhos de alto nível. Engana-se quem acredita que já chegou lá em 1 ano, 3 ou 5, ou 31 como nós.

Carlos Moro avalia que a Matarromera está muito bem, com venda para 80 países:

— Mas temos 11 vinícolas. O mesmo padrão não se aplica a cada uma. Cada uma está em um momento de desenvolvimento. Há algumas que apresentam um desenvolvimento enológico muito bom. Ou vitícola e enológico, mas ainda não tem desenvolvimento comercial, nem rede de distribuição. Isso não pode ser feito em dois dias ou em dois anos. O desafio é impressionante.

Carlos Moro é reconhecido como um dos empresários mais inovadores da Espanha, com a dezenas de projetos de pesquisa que resultaram e novos produtos. Ele criou uma planta de “desconstrução molecular” para produzir vinho sem álcool.

— Foi uma pesquisa disruptiva que criou um novo produto. Fazemos a desconstrução, separamos os componentes. Extraímos as moléculas de aromas, depois o álcool e o restante dos componentes. Depois é feita reconstrução, a reconstituição organoléptica, devolvendo os aromas e as propriedades originais. E este é o lugar para vinhos sem álcool que inventamos com este sistema, sem estragar o vinho. Somos líderes, vendemos muito. Estamos na Amazon e na Whole Foods nos Estados Unidos. Vendemos para os monopólios do Canadá, da Suécia, Finlândia e Noruega.

Win: vinho Tempranillo sem álcool — Foto: Reprodução
Win: vinho Tempranillo sem álcool — Foto: Reprodução

A pesquisa foi iniciada em 2003 e os vinhos sem álcool do grupo chegaram ao mercado em 2008, com a criação da marca Win. Esses vinhos sem álcool terminaram por criar uma nova categoria Nielsen, que oferece dados de consumo. O produto ainda não está no Brasil

— A marca Win é uma empresa diferente, um vinho muito vendido em nossa loja on-line. É um produto aspiracional algo que algumas pessoas. Jovens que não querem beber açúcar, álcool ou glúten. Ou tomam porque é muito gostoso, é refrescante, não tem calorias ou tem menos calorias. Ou para esportistas ou pessoas com motivos religiosos, por serem evangélicos, budistas, muçulmanos. Mulheres grávidas ou que estão amamentando também.

Moro detalha que, no momento, está desenvolvendo de 10 a 12 projetos de pesquisa:

— São pesquisas que vão desde a digitalização do campo (os vinhedos) até o controle do uso da água, sobre doenças, medicamentos, sobre doenças das vinhas. Sou o presidente da plataforma tecnológica do vinho em Espanha, que é o órgão máximo encarregado de promover a pesquisa do vinho em Espanha.

Os preços dos rótulos são: Matarromera Crianza Ribera del Duero D.O. 2019 (R$ 331,42 para assinante e R$ 389,90 para não assinante); o Matarromera Reserva Ribera del Duero D.O. 2018 (R$ 484,42 para assinante; e R$ 569,90 para não assinante); o Matarromera Verdejo Fermentado en Barrica Rueda D.O. 2021 (R$ 325,46 para assinante e R$ 382,90 para não assinante); e o Matarromera Prestigio Ribera del Duero D.O. 2017 (R$ 654,42 para assinante e R$ 769,90 para não assinante).

. Os vinhos estão à venda no site e lojas da Grand Cru em todo o país.

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