Saideira
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Mostramos para vocês as melhores pedidas de programas no Rio de Janeiro.

Informações da coluna

Marina Gonçalves

Do subúrbio à Zona Sul, do rock ao samba, da praia ao boteco, não importa: o Rio é o meu lugar. Com saideira, de preferência.

Cláudia Meneses

Cláudia Meneses é uma jornalista apaixonada por vinhos, caminhadas e o Rio de Janeiro. É sommelière pela ABS-RJ e nível 2 da Wine & Spirit Education Trust.

Por Cláudia Meneses

Vêm do Douro os vinhos produzidos pela Menin Wine Estates, grupo eleito o produtor do ano 2023 pela revista portuguesa Grandes Escolhas. O jovem projeto é capitaneado por dois empresários brasileiros: Rubens Menin e Cristiano Gomes. Eles buscaram criar vinhos de excelência nessa que é a mais antiga região demarcada do mundo (1756). Um dos destaques da marca é o vinho tinto Dona Beatriz, que o enólogo João Rosa Alves classifica como o grande hino às vinhas centenárias da Menin:

— O grupo Menin fez a aquisição da Quinta da Costa de Cima, a quinta embrionária de todo o projeto. A escolha da quinta ocorreu, entre vários fatores, por uma preciosidade que se encontrava neste vinhedo. Estamos a falar da maior área de vinhas velhas contínua do Douro. É uma macro parcela de 11 hectares, onde foram identificadas 54 variedades, todas misturadas — explica o enólogo, em visita ao Brasil.

O blend tinto Dona Beatriz, premiado em Portugal — Foto: Divulgação
O blend tinto Dona Beatriz, premiado em Portugal — Foto: Divulgação

João Rosa explica que as uvas dessas parcelas dão origem também ao Grande Reserva Tinto da marca.

— O Dona Beatriz acaba por ser uma seleção ainda mais rigorosa das melhores parcelas e das melhores seleções para fazer um perfil extremamente elegante. É um hino ao Douro, um hino aos grandes vinhos do mundo, por toda a finesse, toda a sofisticação. Há complexidade, muita profundidade, um tanino muito elegante, muito fino. Ou seja, olhando para uma relojoaria, esse vinho é a peça com a maior precisão de todas — avalia.

São produzidas em média 4 mil garrafas por safra.

— Só quando atingimos um nível de qualidade é que engarrafamos Dona Beatriz. Ele já foi eleito um dos melhores vinhos de Portugal, entrando no top 30 dos melhores vinhos. É muito especial. A gente encontra no mercado a primeira de todas, a 2019. O vinho só sai para o mercado ao fim de 4 ou 5 anos. E já temos 2020 também já engarrafado e a fazer estágio.

A beleza da paisagem do Douro, onde são produzidos os vinhos da Menin — Foto: Divulgação
A beleza da paisagem do Douro, onde são produzidos os vinhos da Menin — Foto: Divulgação

A identidade de três uvas

Neste patrimônio, além das uvas diferentes plantadas misturadas no vinhedo, a Menin também busca mostrar a identidade de algumas das castas mais importantes do Douro. O enólogo Tiago Alves de Sousa explica que, por isso, criou-se uma coleção de três castas diferentes: a Touriga Nacional, a Touriga Franca e a Tinta Roriz.

— Estamos a falar de três castas que encontramos um pouco por toda a região. A Touriga Nacional é hoje em dia, a casta rainha portuguesa. Ela já começa a ser plantada noutros países, inclusive aqui também no nosso querido Brasil — lembra Tiago.

As vinhas velhas da Menin, no Douro — Foto: Reprodução
As vinhas velhas da Menin, no Douro — Foto: Reprodução

Segundo Tiago, essa uva tem uma identidade muito especial:

— É um lado tão floral que acaba por a tornar única em termos dessa dimensão. Possui aromas como violeta ou bergamota. É realmente singular nesta casta. E no Douro, ela consegue ter sempre um tanino muito fino. No clima mais fresco que tem, por exemplo, no Dão, o tanino vai ser, ali, um pouquinho mais robusto e vai necessitar de um pouquinho mais de tempo. No Douro, com as condições de maturação, fica bem polido, com muita elegância e muito charme desde o início.

O Menin Touriga Nacional — Foto: Reprodução
O Menin Touriga Nacional — Foto: Reprodução

A edição com a Touriga Nacional é muito limitada, de aproximadamente 3.000 garrafas. Outro vinho da linha é o Touriga Franca, uma estrela do Douro, segundo Tiago Alves:

— Se a Touriga Nacional é a rainha de Portugal, a Touriga Franca é a rainha do nosso Douro, a casta mais plantada na região. Na verdade, é a filha da Touriga Nacional, ela resulta de um cruzamento entre a Touriga Nacional e o Mourisco. Acaba de ser a casta responsável pelos últimos 100 anos de grandes vinhos do Porto e de grandes vinhos do Douro também. É aquela uva que mais encontramos nos vinhedos velhos, que representam quase um quarto das plantações do Douro. Quando começamos então a trabalhar a Touriga Franca, ela mostrou que efetivamente merece esse palco, esse holofote. É a primeira vez que lançamos esse 100% de Touriga Franca, mas será sem dúvida uma edição a repetir — explica Tiago, que acrescentou que foram produzidas apenas 1.500 garrafas com ela.

O Menin Tinta Roriz — Foto: Reprodução
O Menin Tinta Roriz — Foto: Reprodução

Já a Tinta Roriz teve uma edição mais exclusiva ainda, com 900 garrafas. Tiago revela que a não é fácil trabalhar com essa uva, a mais plantada em Portugal. Na Espanha, ela é conhecida como Tempranillo:

— Apesar de tão amplamente difundida, ela não tem a elasticidade que outras uvas têm para se adaptar a toda essa diversidade. Por isso, é capaz de do melhor e do pior. Pode fazer vinhos absolutamente incríveis, como alguns vinhos do Douro, da Ribeira del Duero e de Rioja, mas também capaz de fazer vinhos um pouquinho mais simples e mais difíceis. Ela precisa de condições muito específicas de maturação, de amplitude térmica. Dos dias quentes para conseguir amadurecer aquele tanino bem robusto e bem adstringente que tem, mas depois de noites frescas, para ainda assim conseguir preservar o frescor natural. São essas condições que encontramos nas vinhas da Menin. Se não estivesse a olhar para a videira e a ver realmente o que era a Tinta Roriz, eu não diria. Era logo um tanino tão fino, tão polido. Mostrou logo que estávamos a falar de algo bastante diferente e, por isso, essa parcela foi separada das demais.

Poda de vinhedo da Menin, no Douro — Foto: Reprodução
Poda de vinhedo da Menin, no Douro — Foto: Reprodução

Tiago avalia que o vinho com a Tinta Roriz tem grande capacidade de guarda:

— Ele traz a estrutura que efetivamente associamos à Tinta Roriz. Traz intensidade, um lado muito balsâmico, especiado e também essa fruta silvestre muito bonita, silvestre, que essa variedade os dá quando é muito boa. Não é fácil encontrar uma Roriz tão polida, precisamente na juventude. Vem muito desse potencial que ela mostra no vinhedo. A vida será, sem dúvida nenhuma, muito longa, por isso podemos ainda assim guardá-lo por 30 anos ou mais.

O enólogo João Rosa Alves apresenta também o rosé Matrona, vinho de outro projeto do grupo, o H.O Wines. A marca é herdeira do legado da família Horta Osório, após a Menin comprar a tradicional Casa Agrícola Horta Osório. São cerca de 55 hectares de vinhedos na sub-região do Baixo Corgo, em Santa Marta do Penaguião. Deste total, cerca de 10 hectares também são de vinhas velhas. E o Matrona é feito com uvas produzidas de uma parcela muito especial delas:

— Dentro dos 10 hectares de vinhas velhas, encontramos a parcela do Matrona. Na cota mais elevada dela, está um field blend (vinhedo com diferentes uvas) de castas que normalmente não são muito usuais no Douro. Estamos a falar da Malvasia Preta, Baga, Mourisco. São uvas que, pela sua falta de concentração de cor e da intensidade que normalmente encontramos nas vilhas velhas, acabavam por não entrar no perfil final do tinto. Quando começamos a perceber que essa determinada parcela não tinha uma vocação, começamos a pensar então qual seria seu melhor destino e optamos por experimentar fazer o rosé.

O H.O Matrona Rosé — Foto: Reprodução
O H.O Matrona Rosé — Foto: Reprodução

O Matrona foi eleito o melhor rosé de Portugal no prêmio "Top 10 Vinhos Portugueses", da Revista de Vinhos.

— É muito gastronômico, mas acima de tudo muito, muito elegante. Tem nota floral, muita fruta silvestre fresca. Estamos a falar de um rosé bonito de vinhas velhas. Com o trabalho nove meses em barrica, conseguimos também trazer uma certa estrutura que o vai permitir envelhecer perfeitamente durante 15, 20 anos. É para este novo grande mundo dos rosés, de grande potencial de qualidade e de envelhecimento.

Os vinhos são trazidos pelo Brasil pela própria vinícola, com venda em lojas e restaurantes em todo Brasil. Os varietais Menin Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz saem entre R$ 506 e R$ 582 cada. Já o Matrona custa R$ 675; e o Dona Beatriz, R$ 2.705.

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