Sonar - A Escuta das Redes
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Por Jeniffer Gularte — Brasília

Sem um cargo na estrutura do governo, a primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja, tem atuado como influencer para o Palácio do Planalto. Com lives e publicações, ela tem feito publicidade de ações oficiais em seus perfis nas redes sociais, em uma estratégia pensada para atingir públicos que estão fora da bolha da esquerda, em especial mulheres e jovens. Para isso, recebe a ajuda de uma assessora vinculada ao gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que fica responsável pelos registros em vídeo de eventos e em abastecer seu perfil com as postagens.

A lista de assuntos que Janja já levou para suas redes vai de serviço sobre as inscrições para o Enem até a divulgação de campanha de vacinação. Há duas semanas, passou a promover lives com ministros para abordar assuntos de suas respectivas pastas. Após o governo identificar necessidade de dar vazão aos recursos da Lei Rouanet, por exemplo, ela chamou a ministra da Cultura, Margareth Menezes, e o secretário-executivo, Márcio Tavares, para tratar de detalhes da iniciativa em uma transmissão ao vivo.

Três dias depois, diante da discussão na Câmara sobre o programa Desenrola, que prevê a renegociação de dívidas, Janja convidou a influenciadora digital de economia popular Nath Finanças para discutir o tema. Nath tem mais de meio milhão de seguidores no Instagram e no Twitter e conversou ao vivo com a primeira-dama por 50 minutos. Antes da transmissão, Janja combinou com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sua participação para tirar dúvidas de internautas.

A primeira-dama passou a tomar alguns cuidados na realização das lives, que pretende repetir a cada 15 dias. Após ser criticada por utilizar a estrutura da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) em uma entrevista com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, em março, ela tem feito as gravações do Palácio da Alvorada. Além disso, as transmissões foram divulgadas apenas em suas redes. Na primeira vez, um perfil oficial da TV Brasil retransmitiu a conversa, gerando questionamentos da oposição.

O papel de protagonismo que a primeira-dama tenta assumir, porém, já gerou incômodo entre integrantes de governo e aliados no Congresso. Janja costuma participar de reuniões de Lula com ministros e opinar em questões relativas às pastas. Ela chegou a discutir a criação de um cargo vinculado ao gabinete presidencial, mas Lula foi aconselhado por aliados a abandonar a iniciativa. Procurada, Janja não quis comentar.

Mesmo sem o cargo, seu ativismo nas redes já rendeu dor de cabeça para o marido. Em abril, Lula precisou recuar da intenção de acabar com a isenção do imposto de importação para compras até US$ 50 (R$ 250) após a repercussão negativa de uma postagem da primeira-dama. “Se trata de combater sonegação das empresas e não taxar as pessoas que compram”, escreveu Janja. A primeira-dama, no entanto, acabou confrontada por internautas que, na prática, o imposto encareceria os produtos.

Auxiliares de Lula, contudo, veem Janja como peça importante da estratégia de comunicação do governo. Pesquisa encomendada pelo Planalto aponta dificuldade de chegar a alguns estratos da sociedade e veem o alcance que a primeira-dama tem nas redes como trunfo.

— A Janja tem uma sensibilidade grande para uma série de temas. E tem uma capacidade muito boa de perceber assuntos que estão na ordem do dia. Com isso, ela acaba ajudando muito a esclarecer sobre temas que estão sendo debatidos — afirma o ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social.

Popularidade

No Twitter, Janja é uma das figuras do governo com mais seguidores. Com 1,2 milhão, fica atrás apenas dos perfis de Lula, do vice, Geraldo Alckmin, e da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e da Fazenda, Fernando Haddad. No Instagram, é seguida pelo mesmo número de perfis de Haddad, 2,2 milhões, superando os demais integrantes do primeiro escalão.

Em fevereiro, uma pesquisa da Genial-Quaest avaliou que seu desempenho como primeira-dama tinha aprovação de 41% da população, era considerado regular por 22% dos entrevistados, enquanto 19% diziam ter impressões negativas sobre ela. Janja chamou o diretor da Quaest, Felipe Nunes, ao Planalto para compreender o resultado.

— Ela cumpre papel muito relevante, é uma porta-voz que o governo estabeleceu para contribuir na estratégia de comunicação. Deixou de ser coadjuvante para ser protagonista — avalia Nunes.

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