Sonar - A Escuta das Redes
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Sonar - A Escuta das Redes

Um mergulho nas redes sociais para jogar luz sobre a política na internet.

Informações da coluna

Por Ana Flávia Pilar

Mensagens compartilhadas no aplicativo de mensagens Telegram deixam claro o tamanho da mobilização de bolsonaristas para as invasões aos palácios dos três poderes em Brasília neste domingo.

Ao menos desde o dia 7 de janeiro, mensagens na plataforma convidavam apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) a baixar a plataforma social Signal e acessar grupos particulares através de um link, mas o acesso foi bloqueado para novos membros na manhã desta segunda. A Signal é uma rede social vendida como o lugar online para “se falar livremente”.

Outro alerta foi enviado dias antes, em 3 de janeiro, com um novo “Guia de Segurança Patriótica” que recomendava proteção digital aos bolsonaristas. As dicas aconselhavam adotar nome e fotos falsas, baixar um aplicativo VPN para mascarar a localização dos participantes e estudar tecnologia e técnicas hacker a partir de canais no Youtube.

Guia de Segurança Patriótica — Foto: Reprodução
Guia de Segurança Patriótica — Foto: Reprodução

Confira os demais recados trocados entre golpistas nos dias que antecederam os atos de invasão aos prédios do Supremo Tribunal Federal (STF), da Câmara dos Deputados e do Senado Federal:

Embora ainda seja possível acessar os grupos e conferir o que os apoiadores mais ferrenhos têm a dizer, muitas mensagens são compartilhadas a partir de alguém que é chamado de “informante” e permanece como uma identidade oculta, fora dos grupos.

Grande parte dos bolsonaristas presentes nos chats virtuais ainda deixavam claro que a intenção principal, além da invasão, era montar um acampamento dentro dos prédios.

Como parte da preparação para a tentativa de golpe, os participantes dos grupos também compartilharam mensagens ensinando a se proteger contra gás lacrimogêneo e tratando da serventia do “pó de mico”, que pode causar desordem mental quando em contato com a pele.

Conversa comum nos grupos desde antes dos episódios de ontem, os ataques à imprensa foram mantidos, mas com uma tônica mais radicalizada. As empresas de mídia CNN, Bandeirantes e Rede Globo foram citadas recorrentemente em mensagens que demandam novas invasões.

Já alguns poucos apoiadores de Bolsonaro conclamavam os demais para invadir e fechar refinarias e distribuidoras da Petrobras. Também na contramão da maior parte das mensagens, alguns bolsonaristas reclamaram dos atos de vandalismo, que classificaram como fruto de infiltrados da esquerda que pretendiam desmobilizar as pautas da direita patriota.

Bolsonaristas compartilham guias sobre como fazer uma máscara de proteção — Foto: Reprodução
Bolsonaristas compartilham guias sobre como fazer uma máscara de proteção — Foto: Reprodução

WhatsApp também teve papel relevante na mobilização

Mensagens com orientações e convocações para a tomada de prédios públicos e das ruas circularam ao menos desde o dia 5 de janeiro no WhastApp. Em algumas mensagens, bolsonaristas usaram a expressão “festa da Selma” como forma de burlar monitoramentos de autoridades para se referir aos ataques.

Ministro de Lula exibe destruição dentro do Palácio do Planalto

Ministro de Lula exibe destruição dentro do Palácio do Planalto

O alerta é de um monitoramento feito pela empresa de análise de dados Palver, que acompanha mais de 17 mil grupos públicos no aplicativo de troca de mensagens, inclusive bolsonaristas.

Uma das mensagens com maior circulação, ainda de acordo com dados da Palver, foi uma espécie de manual sobre como agir durante os ataques a prédios públicos, que circulou em diferentes versões. “Jamais iniciem a invasão sem haver uma multidão que tome todos os 3 poderes ao mesmo tempo, ou seja, só iniciem a invasão aos 3 poderes quando houver patriotas o suficiente pra invadir tudo!”, dizia um trecho.

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