Sonar - A Escuta das Redes
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Um mergulho nas redes sociais para jogar luz sobre a política na internet.

Informações da coluna

Por Kathlen Barbosa — Rio de Janeiro

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) rebateu especulações sobre a venda da Refinaria Landulpho Alves (Rlam) para o grupo Mubadala Capital, dos Emirados Árabes, em novembro de 2021. Nesta terça-feira, a Comissão de Transparência e Fiscalização (CTFC) do Senado aprovou três pedidos de informação à Petrobras e aos ministérios de Relações Exteriores e Minas e Energia sobre a transação. Opositores de Bolsonaro querem apurar se há relação entre a venda da refinaria e as joias de R$ 16,5 milhões que o ex-presidente e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro receberam de presente do governo da Arábia Saudita.

— A direção petista da Petrobras desconfia, sem um mínimo de provas, do TCU e Rei árabe. Isso é péssimo para nossa política externa e nossas instituições — escreveu Bolsonaro no Twitter.

Os pedidos de informação foram feitos pelo presidente da CTFC, o senador Omar Aziz (PSD-AM). Segundo a Petrobras, a compra foi feita por US$ 1,7 bilhão. Aziz afirmou que instituições independentes avaliaram o valor da refinaria em US$ 3 bilhões, quase o dobro do valor pago pelo grupo árabe. Segundo o G1, apesar de Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos serem países distintos, o senador avalia que pode haver indícios de "operação cruzada”.

— A gente quer saber quem foi que deu essa joia, se foi mesmo a Arábia Saudita, e para quem foi. Isso parece fruto de fortes indícios de propina — destacou Aziz.

Ao se defender em publicação nas redes, Bolsonaro também voltou a afirmar que os governos de Luiz Inácio da Silva (PT) e da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) “entregaram a Petrobras” com uma dívida de R$ 900 bilhões, informação já desmentida por plataformas de checagem e que o Tribunal de Contas da União deu aval à venda da refinaria.

Aproximação comercial

Durante o governo de Bolsonaro, a relação do Brasil com a Arábia Saudita se intensificou. A aproximação do ex-presidente com a monarquia saudita impulsionou as trocas comerciais com o país do Oriente Médio nos últimos anos e trouxe a promessa de investimentos que até hoje não saíram do papel.

Bolsonaro visitou Riade, a capital da Arábia Saudita, em outubro de 2019. Na ocasião, foi recebido pelo rei Salman Bin Abdulaziz Al Saud e pelo príncipe regente, Mohammed bin Salman. Os dois países assinaram um acordo para que o Fundo de Investimento Público saudita aplicasse até US$ 10 bilhões em projetos no Brasil. Passados mais de quatro anos do encontro, até hoje nenhum aporte foi feito.

As importações da Arábia Saudita bateram recorde em 2022, chegando a R$ 5,3 bilhões, enquanto as exportações no ano passado atingiram o maior volume em dez anos (R$ 2,9 bilhões). O Brasil era a 40ª nação que mais comprava dos sauditas no fim de 2018, antes de Bolsonaro assumir a Presidência. Hoje, é o 27° maior parceiro do reino.

O ex-presidente também assinou em 2019 uma carta de concórdia com o governo saudita para facilitar viagens de turistas das duas nações sem a exigência de visto. No Brasil, a Câmara dos Deputados ainda não aprovou a medida. Também no país árabe, nada mudou: brasileiros precisam de visto para viajar e o turismo só é liberado para grupos aprovados pelo reino e que seguem um roteiro pré-definido.

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