O julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que mira possíveis irregularidades protagonizadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Bicentenário da Independência, festejado no ano passado, guardou um momento inusitado. Último a votar, o ministro Alexandre de Moraes, presidente da Corte, fez menções irônicas ao empresário Luciano Hang, que ganhou posição de destaque ao lado do então chefe do Executivo na ocasião.
— O presidente simplesmente afastando o presidente de Portugal e chamando o seu cabo eleitoral, vestido com a sua tradicional vestimenta verde periquito, para fazer campanha — descreveu Moraes.
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O magistrado referiu-se ao evento realizado em Brasília no Sete de Setembro, um dos dois atos analisados pelo TSE — a Corte também avalia a agenda subsequente de Bolsonaro, realizada no mesmo dia no Rio de Janeiro. Na capital federal, enquanto ocorria o desfile cívico-militar, Hang subiu à tribuna e ficou entre o então candidato à reeleição e o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, também presente à solenidade.
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— Se não bastasse a primeira vergonha, do verde periquito, nós tivemos a segunda. Desfile de tratores em um ato cívico-militar. Será que se atletas de bicicleta pedissem, ou carros antigos (poderiam?) Tratores por quê? Para demonstrar apoio — prosseguiu Moraes.
Dono da rede de lojas Havan, Luciano Hang é um notório apoiador de Bolsonaro e fez campanha maciça pelo ex-presidente nas eleições do ano passado. Ele chegou a ser investigado pela Polícia Federal (PF) por integrar um grupo de WhatsApp no qual empresários teriam debatido um possível golpe de estado caso Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencesse a disputa, o que acabou ocorrendo.
A citação de Moraes rapidamente virou piadas nas redes sociais. "O Xandão chamou de vergonha alheia o verde periquito do Luciano Hang", escreveu um internauta no X (ex-Twitter). Vários outros usuários da ferramenta embarcaram na brincadeira e postaram memes.
O julgamento
Bolsonaro acabou condenado no TSE por abuso de poder político e econômico nas comemorações do Bicentenário da Independência. Pelo mesmos fatos, o candidato a vice na chapa de Bolsonaro, Walter Braga Netto, também foi declarado inelegível.
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A decisão foi tomada por cinco votos a dois. Os ministros também decidiram aplicar multas aos dois integrantes da chapa, de R$ 425.640 para Bolsonaro e R$ 212.820 para Braga Netto, por cometerem conduta vedada pela legislação, como a utilização de bens públicos em sua campanha. A decisão afeta os planos do PL, que cogitava lançar Braga Netto como candidato à prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições do ano que vem.
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Votaram pela condenação o relator, Benedito Gonçalves, e os ministros Floriano Marques, André Ramos Tavares, Cármen Lúcia e o presidente do TSE, Alexandre de Moraes. Raul Araújo e Nunes Marques divergiram. Inicialmente, Gonçalves havia votado para condenar apenas Bolsonaro, com a imposição de multa ao candidato a vice. Entretanto, ao fim do julgamento, com a maioria já formada, ele reajustou seu voto.
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