O ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida foi aplaudido no fim de semana ao defender a evangélicos que "está envenenado pela ideologia do ódio" quem deseja que uma mulher estuprada seja presa. O discurso de Almeida foi publicado pelo deputado pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) e, até a tarde desta segunda-feira, já tinha mais de 60 mil visualizações no perfil do parlamentar.
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— Está envenenado pela ideologia do ódio quem defende que os jovens quem quer que uma mulher que foi estuprada seja presa — discursou Almeida durante participação no evento Conversas Pastorais, promovida pelo pastor Ed René Kivitz, da Igreja Batista da Água Branca (Ibab).
Kivitz é conhecido por sua atuação contra o bolsonarismo. Em artigo publicado pelo GLOBO na última sexta-feira, o teólogo defendeu que 'criminalizar o aborto não é opção aceitável para conter a prática'.
Um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados, de autoria do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), equipara o aborto após a 22ª semana de gestação ao crime de homicídio. Diante da reação negativa, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), disse na última terça-feira não ter "pressa ou açodamento" para analisar o projeto.
Na semana anterior, a Câmara havia aprovado um requerimento de urgência para a análise do texto, após um acordo entre Lira e a bancada evangélica na Casa. O PL prevê que o aborto possa ser punido criminalmente inclusive em casos "nos quais a gravidez resulta de estupro e houver viabilidade fetal, presumida em gestações acima de 22 semanas".
No Brasil, o aborto é permitido por lei em casos de estupro; de risco de vida à mulher e de anencefalia fetal (quando não há formação do cérebro do feto). No entanto, a realização do aborto após as 22 semanas de gestação implica a utilização de uma técnica chamada assistolia fetal, que gera grande polêmica no país.
O PL antiaborto é rejeitado por 66% dos brasileiros. É o que aponta pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira passada. Outros 29% dos entrevistados são favoráveis à proposta, 2% responderam ser indiferentes e 4% não sabem.
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