Sonar - A Escuta das Redes
PUBLICIDADE
Sonar - A Escuta das Redes

Um mergulho nas redes sociais para jogar luz sobre a política na internet.

Informações da coluna
Por — Rio de Janeiro

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 06/07/2024 - 04:30

Reações ao indiciamento de Bolsonaro

A comunidade bolsonarista reage ironicamente ao indiciamento de Bolsonaro por desvio de joias. Oposição destaca gravidade dos crimes e potenciais consequências legais. Defesa alega que ex-presidente agiu dentro da lei. Além de Bolsonaro, outros nomes ligados a ele também foram indiciados.

O debate digital sobre o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid e mais dez pessoas no inquérito que apura o desvio de joias do acervo presidencial culminou em uma tímida vitória do campo da direita, que costuma dominar discussões nas redes com maior margem. É o que aponta um levantamento da consultoria Arquimedes realizado a pedido do GLOBO, que contabilizou 67,5 mil postagens na rede social X (antigo Twitter) entre os dias 4 e 5 de julho.

A comunidade de apoio a Bolsonaro soma 55% dos perfis que comentaram o caso no período. O levantamento aponta que postagens dos filhos do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), além de outros nomes conhecidos e de grande alcance da direita, como a @taoquei1 ("TeAtualizei") e o jornalista Ricardo Roveran, tiveram maior repercussão.

Segundo a análise da Arquimedes, o grupo focou em "minimizar ou negar as acusações e a gravidade do caso, além de ironizar a situação e sugerir perseguição".

— A crise envolvendo o caso das joias não é recente e trouxe muitos danos à imagem do Bolsonaro. Dessa vez, o campo da direita bolsonarista agiu de maneira coordenada para tentar reduzir o dano do episódio. Não tem como dizer que a mobilização se deu por falta pautas atuais. Mesmo assim, eles se dispuseram a convocar esforços neste assunto, o que deixa claro os riscos de desgaste para todo o movimento — avalia Pedro Bruzzi, da Arquimedes.

Levantamento da Arquimedes — Foto: Reprodução
Levantamento da Arquimedes — Foto: Reprodução

O campo oposto mobilizou 45% dos perfis que trataram sobre o indiciamento. O levantamento considerou como parte da "comunidade opositora" contas de parlamentares de esquerda, como da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e dos deputados federais Lindbergh Farias (PT-RJ) e André Janones (Avante-MG), além dos veículos de imprensa que noticiaram o caso.

A Arquimedes aponta que o agrupamento buscou "enfatizar a gravidade e seriedade dos crimes e as potenciais consequências legais".

Os crimes atribuídos a Bolsonaro e Cid são de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Caberá agora à Procuradoria-Geral da República decidir se oferece denúncia ou pede o arquivamento do caso.

Procurada, a defesa de Bolsonaro não se manifestou. Ao longo da apuração da PF, os advogados afirmaram que ele agiu dentro da lei" e "declarou oficialmente os bens de caráter personalíssimo recebidos em viagens”. Esses itens, na visão dos advogados, deveriam compor seu acervo privado, sendo levados por ele ao fim de seu mandato.

Decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de 2016, contudo, prevê que objetos de luxo recebidos por autoridades devem ser incorporados ao acervo público do Estado, com exceção de "itens de natureza personalíssima", o que não inclui joias.

Já o advogado de Cid deu algumas versões do cliente sobre a venda de joias. Em uma das últimas, afirmou que o militar vendeu o Rolex a pedido de Bolsonaro e que o pagamento do relógio foi entregue ao ex-presidente ou à primeira-dama.

Além do ex-presidente e de Cid, a PF também indiciou o general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens, o advogado da família Bolsonaro Frederick Wassef, o também advogado Fabio Wajngarten, e os ex-assessores do ex-presidente Osmar Crivelatti e Marcelo Câmara.

Eles são suspeitos de participarem de um esquema de apropriação irregular de pelo menos quatro kits de joias recebidos por Bolsonaro na condição de chefe de Estado. Os conjuntos, que incluem relógios, abotoaduras, rosários, esculturas e aneis, foram dados por autoridades da Arábia Saudita e do Bahrein em viagens oficiais ocorridas entre 2019 e 2021.

Mais recente Próxima Tabata chama Marçal de 'sujeitinho' por insinuação sobre morte do pai da deputada

Inscreva-se na Newsletter: Sonar